BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.

OS ARTIGOS PUBLICADOS PODEM SER COPIADOS, DESDE QUE CITADA A FONTE

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FELIZ 2011!

Que 2011 seja um ano repleto de felicidade para todos os amigos e leitores do Sobrevivência Policial, sempre com Deus no coração.
Antes que me esqueça: estão todos convidados para uma festinha que vou promover no meu iate particular, com a presença das amiguinhas da foto acima; tudo pago com a grana da Mega Sena...que devo ganhar amanhã.

PS.: Como não tive a sorte de ganhar o prêmio da loteria, fica adiada a festinha.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

DIREITOS DOS POLICIAIS

Há poucos dias, exatamente em 15 de dezembro, foi assinada a Portaria Interministerial (Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) instituindo as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública.

Como o próprio documento explicita em seu Prefácio:

É a partir da concepção de que policiais e profissionais de segurança pública devem ser reconhecidos em sua condição de trabalhadores e trabalhadoras, cidadãos e cidadãs titulares de direitos e, especialmente, sujeitos de direitos humanos, que estas diretrizes foram elaboradas.
(...)
Fruto de um processo de elaboração coletiva, as Diretrizes de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança Pública nascem vocacionadas a estimular a participação democrática e a conquista de direitos pelos próprios profissionais de segurança pública. Que seja um bom começo.

A citada portaria (SEDH/MJ Nº 2, 15/12/2010) é dividida em 14 eixos temáticos, estabelecendo 69 diretrizes. Dentre estas, destaco:

01 - Adequar as leis e os regulamentos disciplinares que versam sobre direitos e deveres dos profissionais de segurança pública à Constituição Federal de 1988.

03 - Assegurar o exercício do direito de opinião e a liberdade de expressão dos profissionais de segurança pública, especialmente por meio de internet, blogs, sites e fóruns de discussão, à luz da Constituição Federal de 1988.

17 - Oferecer, ao profissional de segurança pública e a seus familiares, serviços permanentes e de boa qualidade para acompanhamento e tratamento de saúde.

34 - Garantir que todos os atos decisórios de superiores hierárquicos dispondo sobre punições, escalas, lotação e transferências sejam devidamente motivados e fundamentados.

60 - Contribuir para a implementação de planos voltados à valorização profissional e social dos profissionais de segurança pública, assegurando e respeito a critérios básicos de dignidade salarial.

ATÉ QUE ENFIM!

Pela primeira vez em sua história moderna o Ceará terá um integrante da Polícia Militar à frente da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. Trata-se do Coronel Bezerra Rodrigues (já foi Choquiano).

Alheio à toda repercussão que está sendo gerada, tenho a obrigação de dizer: ponto positivo para o Governador.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

TIRO POLICIAL


Venho desenvolvendo há algum tempo, mais intensamente nos últimos dois anos, um novo método de treinamento em Tiro Policial. Esta nova metodologia, profundamente influenciada por 21 anos de experiência profissional (16 deles como instrutor de Tiro Policial), alicerça-se em conhecimentos científicos amparados pela psicologia e fisiologia dos seres humanos, mais notadamente nos temas: medo, estresse de combate e fisiologia do enfrentamento.

No Brasil, há pelo menos uma década, os instrutores de Tiro Policial vêm desenvolvendo consciência de que é extremamente importante tentar aproximar os treinamentos da realidade enfrentada pelos policiais em situações de confrontos armados, entretanto, apesar da boa vontade em desenvolver técnicas que possibilitem o encurtamento da distância entre estande e as ruas (treinamento x realidade), o desconhecimento científico sobre as respostas automáticas fornecidas pelo corpo humano perante as situações de risco impossibilita o desenvolvimento de métodos de treinamentos realísticos.

Podemos afirmar que no Brasil, somando-se as forças federais e estaduais, facilmente encontramos centenas de policiais que atuam, mesmo que esporadicamente, como instrutores de Tiro Policial. Uma boa parte destes desenvolvem exclusivamente funções administrativas ou de ensino, enquanto um percentual mais reduzido está prioritariamente nas ações operacionais, predominando o que costumo denominar de experiência de estande, contrapondo-se, em muitos aspectos, à experiência obtida no dia-a-dia dos enfrentamentos reais (experiência prática).

Observando as ilustrações abaixo, verificamos que a grande diferença entre o treinamento tradiconal e o novo método (treinamento adaptado) está na complexidade empregada. Enquanto o tradicional distancia-se da realidade por apresentar uma infinidade de técnicas e táticas, muitas conflitantes entre sí, e a quase total ausência de métodos; o outro, baseando-se nos estudos da fisiologia e no empirismo profissional, tem a simplicidade dos procedimentos como a "peça chave" da eficiência e eficácia na utilização das armas de fogo.


(Continua...)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CESPOL

Tomei conhecimento que o Ceará, em breve, será sede do Centro de Especialização em Sobrevivência Policial (CESPOL).


Tive acesso aos conteúdos de alguns cursos que serão ofertados no ano de 2011, bem como aos currículos de alguns instrutores (inclusive de outros países); fiquei muito ansioso pelo início efetivo de suas atividades.

Com base científica na Fisiologia do Enfrentamento Armado, os treinamentos práticos levam a uma maior aproximação com a realidade da atividade policial, sempre buscando oferecer ao profissional de segurança pública conhecimentos teóricos/práticos que possibilitem condições concretas de segurança e sobrevivência no dia-a-dia das missões operacionais.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

NOVO FOCO

Tamanha é a minha decepção com as atuais políticas de segurança pública que estou me propondo a passar um bom tempo sem escrever sobre este tema. Irei me dedicar prioritariamente aos assuntos técnicos/profissionais.

Infelizmente, principalmente próximo aos períodos eleitorais, a verdade se perde em discursos empolados, teorizações inúteis, debates estéreis. No fim, ficamos imersos em um ambiente inundado por opiniões e falsa erudição, mas que não apresenta nada de novo.

"Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas."
VOLTAIRE (1694 - 1778)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

SNIPERS FAMOSOS

Já que falei, em artigo anterior, sobre sniper militar, perguntaram-me sobre qual teria sido o sniper mais famoso na história mundial.

Três nomes são dignos de registro, cada um deles com seus méritos próprios e contribuições patrióticas, durante as guerras em que participaram, que os tornaram hérois nacionais.

SIMO HAYHA (1905 - 2002)

Soldado finlandês considerado o mais eficiente sniper da história, com o registro de mais de 500 mortes confirmadas em um período de apenas 100 dias.

Atuou defendendo o seu país natal quando foi invadido pela União Soviética em 1939 (Guerra Soviético-Finlandesa), apenas três meses após o início da II Grande Guerra.


Tendo acontecido em um período de rigoroso inverno, as batalhas ocorriam em temperaturas que iam dos -20ºc aos -40ºc. Agindo em um ambiente completamente coberto de neve, usava uma camuflagem inteiramente branca, o que lhe rendeu o apelido de "Morte Branca". Usando um fuzil soviético Mosin-Nagant optou por não utilizar miras telescópicas (podia manter a cabeça mais baixa e não haveria o risco de reflexo da lente), isto obrigava-o a diminuir a distância normal de tiro de precisão em relação ao alvo, mas levava vantagem por ser um mestre na arte da camuflagem.


A ele também são atribuidas as mortes de mais de 200 soldados soviéticos, utilizando uma metralhadora Suomi M-31 SMG, o que eleva a sua marca para mais de 700 mortes.

Em 6 de março de 1940 foi atingido por um tiro no rosto, encerrando a sua participação nas batalhas. Recebeu uma inédita promoção (passando de Cabo diretamente para Tenente) e foi alçado à condição de héroi nacional.


VASSILI ZAITSEV (1915 - 1991)

Soldado russo que se notabilizou como um dos melhores atiradores de elite da história mundial, principalmente por sua atuação durante a batalha de Stalingrado, na II Grande Guerra, por ter matado 242 inimigos alemães.

Vassili era um pastor de ovelhas siberiano, nascido na região dos Montes Urais, que desde criança havia sido treinado pelo seu avô para atirar em lobos selvagens que ameaçavam os rebanhos.

Desde a sua primeira participação em batalha, Vassili logo passou a ser considerado um exemplo a ser seguido por outros soldados, servindo para elevar o orgulho do povo soviético.



Utilizando um fuzil Mosin-Nagant modelo M91 com mira telescópica, em calibre 7,62 mm x 54 mm, que perfurava facilmente os capacetes dos militares alemães, chegou ao final da guerra com um registro de 468 mortes.

Uma de suas lendárias proezas foi, no período de apenas dez dias, ter eliminado cerca de 40 oficiais alemães de alta patente.


Tendo virado uma lenda viva rapidamente os alemães buscaram um meio para eliminar Vassili, para esta missão foi designado o Major Heintz Thorvald, também conhecido como Major Konig (originário da Bavária, era um rico fazendeiro caçador de veados). O longo duelo que se travou entre Vassili e Konig foi um dos episódios épicos da Batalha de Stalingrado, tendo sido retratado no filme Círculo de Fogo (2001). Vassili levou vantagem, tendo pego o fuzil K-98 do Major Konig, abatido com um tiro na cabeça, como troféu do duelo.


Vassili ainda viria a ser instrutor e comandante do grupo de snipers.

Em janeiro de 1943 foi gravemente ferido por um disparo de morteiro, que prejudicou a sua visão. A pedido seu veio a atuar no front de batalha como soldado comum, demonstrando clara determinação e heroísmo de um soldado exemplar.


LYUDMILA PAVLICHENKO (1916 - 1974)

Nascida na Ucrânia, iniciou-se como atiradora aos 14 anos de idade, quando, ao ir morar em Kiev, começou a frequentar um clube de tiro.


Aos 24 anos (1941), quando cursava História na Universidade de Kiev, alistou-se como voluntária para participar da infantaria do Exército Soviético por ocasião da invasão nazista. Ela foi uma das 2000 mulheres que atuaram como snipers no exército vermelho, das quais somente umas 500 sobreviveriam à guerra.


Usando um fuzil Mosin-Nagant com mira telescópica, registrou a morte de 309 militares alemães, incluindo 36 snipers e pelo menos 100 oficiais.


Em 1942 foi afastada dos campos de batalha por ter sido ferida por um morteiro (era praxe disparar uma carga de morteiros em lugares suspeitos de haverem atiradores). Promovida ao posto de Major, Lyudmila foi a primeira cidadã soviética a ser recebida pelo Presidente dos EUA.

Passou o restante da guerra como instrutora de snipers.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

OS VERDADEIROS HÉROIS


Nestes últimos dias temos acompanhado imagens e notícias relacionadas à guerra urbana desencadeada pelo poder público contra os traficantes do Rio de Janeiro. Tudo com o apoio, aprovação e incentivo da população fluminense.

O mundo todo tem acompanhado estarrecido a movimentação incessante dos efetivos policiais e das tropas militares, além da fuga desesperada e atabalhoada de dezenas de traficantes armados pelas vielas e trilhas que separam as favelas.


É interessante como não estamos ouvindo os velhos discursos das entidades de direitos humanos, ou pelo menos a mídia não tem dado vez, apesar das várias mortes de bandidos. A esta altura das coisas, quem for defender bandido, se for político vai perder votos, se não for político vai ser tachado de louco.

Um grande exemplo que pudemos tirar disto tudo é que bandido só entende a linguagem da força, não adianta achar que se vai acabar com a criminalidade colocando meia dúzia de adolescentes para ficar tocando tambores ou batendo em latas e dançando hip-hop, a ilusão do dinheiro fácil e a sensação de poder pelo fato de portar uma arma é um grande atrativo para boa parte dos jovens esquecidos pelo Estado. Diminuindo a expectativa de vida dos bandidos, trancando-os em prisões de segurança e fazendo com que a polícia seja temida, é o remédio imediato que vai fazer com que qualquer jovem pense cem vezes antes de querer entrar no mundo do crime. É também fácil observar que o "despertar" da sociedade ocorreu logo após milhões de brasileiros terem assistido o filme Tropa de Elite 2. Portanto, em minha opinião, o maior mérito de toda esta ação das autoridades e da sociedade vai para José Padilha, Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel, Cláudio Ferraz e André Batista, por terem tido a coragem de exporem as feridas sociais.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

VIOLÊNCIA URBANA

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Realizou-se ontem no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Ceará o III Fórum Internacional Sobre Violência Urbana, promovido pelo Centro Industrial do Ceará e patrocinado pelo Jornal Diário do Nordeste.


Foram palestrantes neste importante evento: o sociólogo colombiano Hugo Acero; o representante para a América Latina e Caribe da America Friends Service Committe, Jorge Lafitte; e, ineditamente neste tipo de evento, um representante das organizações policiais, o Major Plauto Lima Ferreira.

O Plauto é um grande companheiro e amigo, profissional comprometido e pai de família dedicado, pessoa pela qual tenho imensa adimiração, entretanto, apesar de respeitar suas opiniões e teses sobre a problemática da segurança pública, vejo-me obrigado a discordar de alguns pontos apresentados em sua palestra e citados pelo Jornal Diário do Nordeste.

"De acordo com ele (Maj. Plauto), é necessária e urgente uma reforma nas instituições de segurança pública: elas precisam voltar-se para o conceito de segurança cidadã, que ao invés do combate, visa a tranquilidade social, a liberdade de ir e vir nos espaços públicos e a qualidade de vida."

Não é mudando radicalmente a forma de atuação policial , nos moldes defendidos pelo palestrante, que a sociedade vai melhorar o seu perfil comportamental. Não será a polícia que irá mudar a sociedade, mas uma sociedade com mais educação, saúde, emprego, moradia, esportes e cultura quem irá forçar a mudança das instituições policiais.

Não há mais espaço para uma visão academicista retrógrada onde vislumbra-se os órgãos policiais como um ente anti-social. Os profissionais que integram as polícias também são cidadãos participantes do tecido social; sofrem as mesmas influências nefastas da desigualdade social.

Os policiais, bem antes de serem os "opressores da sociedade", são crianças que nascem precariamente em hospitais públicos, que realizam os seus estudos em escolas com carência de professores; são os jovens que não têm opções pela prática de esportes, não encontram locais públicos destinados ao lazer e cultura e, na maioria das vezes, são obrigados a largar os estudos para ajudar no sustento da família. Apesar dos policiais, ao serem admitidos em suas instituições, sofrerem forte influência de uma arraigada "cultura policial", eles são filhos legítimos da sociedade em que vivem.

"O policial está formado para guerra, tem instrução militar, os cursos são de alta complexidade, sobre tiro, luta, o que representa um treinamento inadequado para a atual demanda da sociedade cearense."

Infelizmente, equivocou-se gravemente o companheiro: a demanda da qual ele fala não é a atual, mas sim aquela possível de ser admitida em tempos de paz social. Esta pode ser a visão mais "politicamente correta", aquela que certa parcela da elite gosta de ouvir; a parcela da sociedade mais afetada com a violência quer ver é bandido preso, quer ter o mínimo de tranquilidade para chegar em casa tarde do trabalho e não ver um bandido armado assaltando no ponto de ônbus, o que esta sociedade quer é se sentir segura quando o filho adolescente vai à igreja e não corre o risco de perder a vida em troca de um simples celular.

Vá falar para as famílias das dezenas de policiais mortos em serviço, a maioria por falhas em procedimentos básicos de segurança, que o já tão carente treinamento técnico será substituído pelas teorias da mediação de conflitos. Vá dizer isto aos policiais que diuturnamente têm enfrentado bandidos cada vez mais armados e dispostos ao enfrentamento. Vá dizer isto aos policiais do Rio de Janeiro na atual situação de guerra urbana.

Peço desculpas àqueles que possam se ofender com minhas opiniões, principalmente ao companheiro Major Plauto por discordar de seu pensamento, mas como tenho certeza de que nunca serei convidado a expor minhas ideias em eventos deste tipo, justamente por se contrapor à lógica elitista, aproveitarei este espaço para demonstrar que existem opiniões discordantes e que o debate é o melhor caminho para se chegar a um resultado mais acertado.

PS.: Depois de publicar este texto, recebi um e-mail de um leitor indicando um artigo publicado em junho de 2007 no site Observatório da Imprensa, assinado por José Paulo Lanyi. Transcrevo-o:

A polícia é o povo

Por José Paulo Lanyi em 26/6/2007


Uma das conseqüências da injustiça na distribuição de renda é a transformação da sociedade em um sistema de castas. Temos os que têm, os que estão a serviço dos que têm, os que não têm e os que estão a serviço dos que não têm. Há, também, os que estão a serviço do país e os que estão a serviço de si mesmos – estes transitam de uma casta a outra, em busca de lucro, custe a quem (sic) custar, ou de uma mamata, ou de uma ou outra sinecura.

A concentração exagerada da renda gera poder demais a alguns, em detrimento da maioria. Entre aqueles, há os políticos, responsáveis que são pela feitura e pela execução das leis.

A polícia deve zelar pela ordem pública. Existe para garantir que as leis sejam cumpridas, podendo, em caso de necessidade, fazer uso da força.

No Brasil, a mídia e a população comumente a identificam com o Poder, no que essa afirmação contém de mais oligárquico. É a polícia a serviço dos poucos que detêm muito. É a polícia dos políticos. É a polícia da plutocracia.

Esse olhar tem sido delineado desde há muito, em razão das injustiças e dos excessos perpetrados pelas forças policiais.

Muito se diz acerca dos seus pecados. Pouco daquilo que as levam a cometê-los.

É corrente o pensamento de que muitos bandidos (sem farda) o são porque cresceram na miséria, em meio à violência que se retroalimenta. Dá-se o mesmo, acrescento, no meio policial (entre eles, os bandidos com farda).

Mais: são pessoas que se situam entre a cruz e a espada. Ainda que detenham uma parcela de poder, se originam do povo e se mantêm nessa condição. Ainda que sejam do povo, são vistas pelo próprio povo como agentes dos maus políticos (a maioria) e dos empresários gananciosos (uma parte que se confunde com o todo e tem poder demais).

Polícia nos jornais

Semana passada a polícia esteve em voga nos jornais. Assuntos que mais despertaram a atenção: envolvimento com as mais variadas máfias que se divulgam, dia após dia, Brasil afora, local e nacionalmente; e os camelôs surrados pela Guarda Civil Metropolitana de São Paulo.

Alguma novidade? Sem dúvida, nenhuma.

O jornal Extra procurou mostrar o lado de lá da miséria: fez uma série de reportagens que circundaram a notícia de que "a cada três dias, um policial é assassinado no Rio", como destaca uma das matérias assinadas por Camilo Coelho e Marcos Nunes. Os repórteres deram a dimensão humana de uma tragédia que se multiplica no cotidiano, quase sempre minimizada por jornalistas que a consideram "normal".

O "jornalista médio" pensa exatamente como a média dos seus concidadãos, gente que considera a polícia uma mera extensão das forças dominantes do país. Dificilmente perceberá que esses mesmos policiais estão algemados com a maioria a uma situação predominante: a miséria, a má-formação, os salários baixos, as péssimas condições de trabalho, a sujeição a políticas públicas risíveis, a coação dos poderosos, a neurose coletiva, a frustração de quem se sabe sem futuro.

Eis um tema que precisa ser observado com a profundidade que o contexto exige.


quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

INTERVENÇÕES NÃO LETAIS 2

Em postagem do dia 03 de novembro, intitulado INTERVENÇÕES NÃO LETAIS, falei sobre o projeto de criação da Companhia de Intervenções Não Letais na Polícia Militar do Ceará. Escrevi:
A criação da referida Companhia teria por base uma profunda modernização na atual Companhia de Controle de Distúrbios Civis, através de uma necessária mudança de filosofia e doutrina operacional alicerçada em constante treinamento, intensa modernização de armas e equipamentos e efetiva mudança nos métodos de ação.
No que se refere ao quesito modernização de armas e equipamentos, apresentarei algumas novas tecnologias de não-letalidade essenciais para missões de controle de distúrbios e de rebeliões em estabelecimentos prisionais.


PAPPERBALL

Utilizam o mesmo sistema dos marcadores de Paintball, no entanto os projéteis, ao invés de tinta, são carregados com um pó químico irritante denominado PAVA (Pelargonic Acid Vanillylamide), produzido com base na Oleoresina Capsicum (agente pimenta).


Além do sistema tradicional Paintball, há outros mais portáteis como o Flash Launcher (combina lanterna com lançador) e Lançadores Eletrônicos Portáteis.



RIOTBOT

Combinando um lançador de pepperball com um robô controlado à distância, desenvolveu-se um equipamento que pode ser utilizado em uma ampla gama de operações policiais, principalmente aquelas em que os policiais não têm uma plena garantia da segurança de suas integridades físicas.



O Riotbot pode ser facilmente utilizado em distúrbios de ruas, rebeliões prisionais e até mesmo em operações especiais.


LRAD - Long Range Acoustic Device

O Dispositivo Acústico de Longo Alcance, além de servir para realizar uma comunicação verbal a longas distâncias, pode ser utilizado como uma arma acústica não letal.


Emitindo sons com potência de 150 decibéis, permite resolver determinadas situações sem a necessidade da utilização da força.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

300

Com a postagem de ontem, chegamos ao número de 300 publicações desde que inauguramos o Blog Sobrevivência Policial em 23 de agosto de 2008. São mais de 53.500 acessos, onde os leitores já deixaram 444 comentários.

Não são números excepcionais se comparados com os de outros blogs dentro da blogosfera policial, entretanto, tendo em vista o nosso público alvo e a temática abordada, são números excelentes.

Meu objetivo principal não é divulgar ideias ou problematizar temas controversos da segurança pública, mas deixar registrado em minha biografia momentos importantes de vida e do contexto histórico no qual estou inserido.

Uma das ferramentas úteis em um blog é a possibilidade de escrever artigos mas torná-los inacessível para os leitores, deixando-os guardados para publicação em momentos mais adequados. É justamente neste arquivo de rascunhos que estão os mais importantes e esclarecedores artigos que já elaborei, mas que, infelizmente, questões políticas, hierárquicas e convicções pessoais não permitem a publicidade destes registros. Servirão apenas para, no futuro, alimentarem minhas lembranças sobre as potencialidades sórdidas e mórbidas do comportamento humano.

Faço um agradecimento especial aos meus 64 seguidores, pois é por eles, mesmo sem conhecer alguns, que procuro a inspiração diária para manter atualizado o nosso Sobrevivência Policial.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O TIRO MAIS DISTANTE

O recorde de tiro mais longo já disparado por um sniper está registrado para Robert Furlong, ex-integrante do Exército canadense.


Esta proeza ocorreu em março de 2002 no Afeganistão, por ocasião da Operação Anaconda, sob o comando americano, que tinha o objetivo de destruir forças talibãs e combatentes treinados pela Al Qaeda, em uma área de montanhas e de difícil acesso denominada vale Shahikot.

Usando um fuzil McMillan TAC-50, calibre .50 BMG, com o auxílio do spotter Tim McMeekin, Robert realizou um disparo de 2.430 metros em um combatente afegão.



Considerando fatores como: deriva do projétil, velocidade e direção do vento, deslocamento do alvo, altitudes diferentes entre atirador e alvo; Robert teve que mirar 4,5 metros acima e à esquerda do alvo. O primeiro disparo acertou o chão, o segundo a mochila do alvo e o terceiro eliminou o alvo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

IMAGENS PRETÉRITAS

Destas pequenas imagens, nenhum oficial da Polícia Militar do Ceará, e alguns de outras Corporações pelo resto do Brasil, jamais irão se esquecer. Momentos que jamais voltarão.


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ASSASSINATOS NA GRANDE FORTALEZA

O Jornal Diário do Nordeste, em sua edição de hoje, publica importante artigo, assinado pelo jornalista Fernando Ribeiro, que tem como tema o aumento no número de assassinatos na Grande Fortaleza. Foram 181 homicídios somente no mês de outubro, resultando em um total de 1.488 nos dez primeiros meses do ano, contra 1.166 em igual período de 2009 (27,6% de aumento).

A mesma matéria destaca a implantação da Divisão de Homicídios recentemente, deixando claro que esta especializada irá sofrer muita pressão e cobranças por resultados.

"Nem mesmo a recente implantação da Divisão de Homicídios, em Fortaleza, foi suficiente para frear a sanha dos criminosos."

Verificando as condições em que estas pessoas foram assassinadas, observamos que a maioria dos casos estão ligados à execuções sumárias (o próprio jornal insinua isso). Diante del, facilmente a polícia constata que a vítima, em quase todos os casos, já apresenta antecedentes criminais.
O Instituto de Pós-Graduação de Estudos Internacionais e Desenvolvimento em Genebra, desde 1999 realiza um projeto de pesquisa denominado Levantamento de Armas Leves, que é apoiado pelo Departamento Federal de Relações Exteriores da Suiça e é mantido por contribuições dos Governos do Canadá, Finlândia, Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia e Reino Unido. Pelo referido estudo chegou-se à conclusão de que a quantidade de armas nas mãos de civis e de gangues é superior, no mínimo, 25 vezes ao quantitativo de armas leves nas organizações policiais de todo o mundo ( o Brasil foi um dos países com destaque nesta pesquisa).


Os crimes de execução, que têm sido os principais responsáveis pelo aumento nos índices estatísticos, apesar de serem de difícil elucidação, pela predominância da "lei do silêncio", é facilmente vinculado ao problema do tráfico de drogas e à atuação de grupos que fazem às vezes do estado na segurança. Os antigos vigias noturnos agora evoluiram para grupos organizados e armados, normalmente utilizando-se de motocicletas para as suas rondas, com atuação predominantemente na periferia e em bairros com altos índices de violência e criminalidade; sendo comum a prática de extorsões contra comerciantes e setores mais vulneráveis da comunidade. Nas palavras do Dr. José Maria Nóbrega Jr., Doutor em Ciência Política da UFPE:

"A chamada 'turma do apito' ou milicianos que, para garantir uma pseudo-segurança à população, promovem uma série de ilegalidades incluindo aí o extermínio de pessoas 'indesejáveis' aquela comunidade ou devedoras de empresários, comerciantes e traficantes de drogas."

Por esta rápida análise, arrisco-me a afirmar que esperar simplesmente pela atuação da Divisão de Homicídios e do policiamento ostensivo para tentar conter o aumento na quantidade de assassinatos é a pior e menos acertada das estratégias.

Considerando a facilidade para a obtenção de armas de fogo, a atuação de pequenas milícias nos bairros mais carentes e o crescente e desenfreado aumento no tráfico de drogas, caso uma política de segurança pública mais promissora não seja adotada, teremos um obscuro futuro pela frente.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

LIMITAÇÃO DE VELOCIDADE PARA VIATURAS


A recente determinação do Comando do Batalhão Comunitário (Ronda do Quarteirão) em limitar a velocidade de circulação das viaturas, é um tema que tem tido, nestas últimas horas, um grande destaque na imprensa cearense.

Sem querer discutir o mérito da questão dos constantes acidentes com viaturas, vou simplesmente deixar a minha humilde opinião sobre o assunto.

  • PATRULHAMENTO - Em relação a este item, a limitação de velocidade para a circulação é essencial. Para que uma guarnição policial esteja perfeitamente sintonizada e atenta no desempenho de sua atividade de policiamento preventivo, o deslocamento em baixa velocidade é de fundamental importância, assim como a necessidade das janelas da viatura estarem abertas, para que sejam observados detalhes de suspeição nas pessoas ou a possibilidade de estar ocorrendo algum delito em comércios ou residências. A baixa velocidade também irá possibilitar um contato pessoal da comunidade com os policiais, facilitando o atendimento de ocorrências e a obtenção de informações valiosas.
  • ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS - Sem saudosismo ou tentando convencer com aquela máxima do "no meu tempo era assim", recordo-me que na época do COPOM (Centro de Operações Policiais Militares) existia uma tabela de códigos de velocidade das viaturas para o atendimento dos diversos tipos de ocorrências. Se, por exemplo, a ocorrência fosse um simples atrito entre vizinhos, a viatura seria despachada para o atendimento com o Código 1, ou seja, velocidade normal de patrulhamento. Se fosse uma ocorrência onde policiais estavam necessitando de apoio imediato, a viatura seria despachada com o Código 3, ou seja, deslocar-se na velocidade máxima de segurança para a via, com a sirene ligada, podendo avançar, com as devidas cautelas, semáforos no vermelho.
  • PERSEGUIÇÕES - A ideia do "Cerco Inteligente", defendida pelo comando do BPCOM, não foi muito bem interpretada. Seria mais apropriado denominá-lo de "Cerco Tático". Trata-se de uma técnica policial (Police Chase) há muito adotada por vários países, principalmente EUA e Canadá. O ponto forte desta técnica não é a limitação de velocidade para evitar acidentes, pois se ocorrer esta limitação o fugitivo vai sair do alcance da visão dos policiais bem antes de chegar qualquer apoio, mas sim a condição primordial de se evitar confrontos em áreas de grande fluxo de veículos e pessoas; em essência: independente da velocidade de fuga, os policiais mantém a perseguição a uma distância segura, sem tentar uma abordagem. Esta só ocorrerá em um local mais amplo e livre de inocentes.
Vejam um pequeno exemplo de perseguição policial no vídeo do link abaixo, e tirem suas conclusões:

http://www.youtube.com/watch?v=kAqfbjXqXHY

A grande dificuldade da Polícia Militar do Ceará é a total ausência de doutrina formal, possibilitando que pequenos comandos estabeleçam critérios operacionais de forma indiscriminada, criando-se uma salada de procedimentos operacionais que geram grandes prejuízos estratégicos.

Aproveitei o tema e procurei saber com alguns amigos policiais em outros países. De imediato o amigo Ernesto Perez me respondeu da Espanha:

Estimado amigo Ernesto.

Me gustaría hacerle una pregunta, a causa de una controversia aquí en mi ciudad. Frente a una serie de accidentes que involucran vehículos de la policía, el comando de la policía decidió limitar la velocidad máxima para la atención de casos policiales (50 km / h).
¿Cuál es su doctrina empleada en estos casos a la policía, incluso en relación con el acoso en las zonas urbanas?

Un fuerte abrazo.

Wilson


Estimado Wilson:

En España las normas de tráfico establecen que dentro del casco urbano, si no hay una señal de tráfico vertical que diga otra cosa, la velocidad máxima es de 50 KM/H. lo normal es que eso sea siempre así dentro de las ciudades, pero también hay tramos que la velocidad, mediante una señal de disco vertical, se reduzca a menos, por ejemplo 20KK/H; 30KM/H ó 40KM/H.

Para los coches de policía es igual, tenemos que cumplir con las normas generales de tráfico, solo que si estamos en una acción de emergencia, y vamos utilizando los sistemas acústicos y luminosos –siempre ambos a la vez- , la Ley permite que, con mucho cuidado, podamos incumplir las normas.

No sé si eso que te digo es aclaratorio para ti, pero si necesitas más datos, dímelo.

Un abrazo.

Ernesto.


Sólo un detalle: en los casos de acoso de los vehículos en vuelo (police pursuit), dentro de la ciudad, cuando el fugitivo excede la velocidad permitida, la policía deberá solicitar el permiso de comando para ir tras él?


NO. Para perseguir a los delincuentes, sea dentro del casco urbano o en carreteras nacionales, autovías o autopistas, no hay que pedir permiso a nadie. Eso sí, los cuerpos de Policía Local, (mi caso), al salir de nuestra ciudad, tenemos que comunicarlo por radio a los Policías de la siguiente ciudad. Solo comunicar, NO PEDIRLES PERMISO. Además de darles conocimiento, podemos coordinarnos para mayor eficacia.

Los policías españoles, seamos del Estado, de la Comunidad Autónoma (Región) o de la Policía Local (Metropolitanos del Ayuntamiento) ESTAMOS OLIGADOS POR LA LEY A PERSEGUIR EL DELITO INCLUSO SI ÉSTE SE TRASLADA A OTRAS CIUDADES en las que NO estemos ejerciendo. Una Ley regula ese tema, pero es muy antigua, es del año 1986. Podría entrar en más detalles si quieres.

Precisamente estoy escribiendo un libro sobre la Policía de Gibraltar (Colonia británica en territorio español) y un capítulo de la obra es sobre el modelo policial español.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

INTERVENÇÕES NÃO LETAIS

Quando me afastei de minhas atividades no Batalhão de Polícia de Choque, em maio deste ano, por haver entrado de Licença Especial, deixei devidamente protocolado no Gabinete do Comando Geral da PMCE um projeto de criação da Companhia de Intervenções Não Letais.

A criação da referida Companhia teria por base uma profunda modernização na atual Companhia de Controle de Distúrbios Civis, através de uma necessária mudança de filosofia e doutrina operacional alicerçada em constante treinamento, intensa modernização de armas e equipamentos e efetiva mudança nos métodos de ação.


A essência da Companhia de Intervenções Não Letais seria guiada pelas exigências internacionais de atuação policial em eventos críticos e estaria totalmente focada para o atendimento especializado às demandas que surgirão com a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014.


No desenvolvimento do projeto tive o apoio incondicional do Cap. Naerton Menezes (Operador Químico), do Sd. Rogério Uchôa (desenhista) e do Cristiano (designer gráfico da Newtons Comunicação), além do comprometimento voluntário de algumas empresas: Honda (através do Cristiano Mapurunga) e Condor (com o apoio do Lincoln) que projetou o Baú de Equipamentos.Até o momento em que entrei de licença não tinha recebido qualquer resposta sobre o projeto, até que há poucos dias topei com uma viatura do BPChoque com a inscrição Intervenções Não Letais. Fiquei muito feliz em saber que nossa ideia foi aproveitada, mas, ao mesmo tempo, preocupado de ter ocorrido uma simples mudança de denominação. A Companhia de Intervenções Não Letais é muito mais do que só isso.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ARMAS DE FOGO - Manejo incorreto

O disparo acidental de uma arma de fogo sempre está associado a um procedimento ou manejo incorreto e fora dos padrões técnicos adequados. Mesmo os policiais com experiência em armas cometem erros, por isso a imensa importância no treinamento constante e com orientação adequada.

Os dois casos mostrados a seguir ocorreram com policiais experientes no manejo de armas de fogo, entretanto o excesso de confiança também pode ocasionar erros.

Neste primeiro exemplo o policial, ao colocar a espingarda em seu suporte, estando ela destravada, acionou acidentalmente o gatilho. A munição utilizada era de impacto controlado (projétil de borracha).


Este outro exemplo é mais interessante. Ocorreu quando o policial realizava um teste do percutor da pistola, aquele em que colocamos uma caneta Bic no interior do cano e observamos o seu salto ao ser acionado o gatilho. Neste dia ele esqueceu de tirar a munição da câmara.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

TIRO EM SECO - "Lacrando" a pistola


(CONTINUAÇÃO DO ARTIGO TIRO EM SECO)

Observem nas fotos a seguir uma das formas de se "lacrar" a pistola para a realização de treinamentos simulados em grupo.
Foi utilizado um simples cordão de apito.

Pistola "lacrada"

Pistola "lacrada" empunhada

Detalhe do cano

Detalhe do alojamento do carregador