BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.

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sexta-feira, 12 de março de 2010

A BALA QUE MATOU MARCELA

"Eu não conhecia a empresária Marcela Montenegro. Mas sei muito bem quem é o autor do disparo que a atingiu: a nossa indiferença cotidiana. Isso mesmo. É exatamente isso o que você leu: quem atirou em Marcela foi nossa estupidez e nossa omissão. Todos nós somos os seus algozes.

As coisas sempre estiveram aí, debaixo de nosso focinho, e sempre teimamos em não querer olhar para elas. Porém, quando a tragédia se instala de forma tão violenta e em um cenário tão próximo a nós, ficamos estarrecidos, quedamos desesperados, exercitamos uma tardia mistura de medo, desconsolo e indignação. Tudo porque se esgarçou o ilusório cordão de isolamento que parecia separar nosso paraíso refrigerado do abrasador inferno das ruas. Agora sabemos. Ninguém está imune. A peste está solta.

Até então, era como se o barril de pólvora no qual vivemos sentados não fosse de nossa conta. Mas quando a bala perversa atinge a cabeça de um de nós - ou alguém que bem poderia ter sido um de nós -, só assim despertamos de nosso sono letárgico de classe média deslumbrada e clamamos por providências contra a barbárie. É claro que as autoridades do setor de segurança precisam ser chamadas, com todo o rigor, à razão. Cabe a elas reprimir o faroeste caboclo, explicar como uma zona da cidade reconhecidamente dominada por assaltantes sempre permaneceu assim, entregue ao império da pedrada, do tijolaço e da bala.

Mas também é mais do que oportuno, e se torna dolorosamente necessário, refletir sobre a parcela de responsabilidade que nos cabe, pacatos cidadãos, a respeito de um episódio tão hediondo. Aprendemos a rir, de modo confortável e sem culpas, do programa policialesco de televisão que faz piada da violência que grassa em nossas periferias. Fechamos os olhos para as ocupações irregulares de terrenos que, por falta de um ordenamento urbano mais consistente, pululam na cidade e se tornam semeadouros de conflitos. Deixamos placidamente que nossas meninas se prostituam, de modo sórdido, por alguns míseros trocados ou pelo sonho de desposar um príncipe louro, nos inferninhos da Praia de Iracema.

Permitimos, sem dar um único pio, que se instale o vale-tudo, que valha a lei do mais tosco, que a falta de urbanidade seja a regra geral em nossa anestesiada coexistência. Diante de tudo aquilo que fere e incomoda a coletividade, tapamos o nariz, silenciamos a voz, levantamos o vidro fumê do carro, fazemos ouvidos moucos. Como os macaquinhos que se acham muito sábios mas que apenas permanecem sentados sobre os próprios rabos, não ouvimos, não vemos, não falamos. Na verdade, compactuamos com o descalabro. Somos os cúmplices da iniquidade.

Uma querida amiga jornalista, por e-mail, ao comentar o crime contra Marcela Montenegro, lamenta que, enquanto isso, ao passo em que a brutal violência coleciona mais uma vítima na cidade, o governador e a prefeita continuem a brigar pela supostamente bizantina questão de um estaleiro. Pois daqui respondo, cara amiga, caros leitores: é bom que prefeita e governador discutam mesmo. E é imprescindível que entremos e coloquemos cada vez mais o dedo e ainda mais lenha nessa briga. Não apenas para produzir aquele tipo de fogo que gera fagulha e calor, mas também para produzir a chama que traz a luz. O debate em torno do tal estaleiro, querida amiga, caros leitores, nada tem de bizantino.

É exatamente por nos esquivarmos de discutir coisas assim, como a proposição de um gigantesco estaleiro na orla urbana da cidade, que chegamos ao ponto onde estamos. Aqui, fique-se claro, não vai nenhuma puxada de sardinha para a brasa de qualquer um dos lados partidários ora em contenda. Não falo - e nunca falarei - de política no varejo. Desde a juventude, sou alérgico a partidos políticos. Falo, isso sim, de uma noção maior de política, falo a respeito de qual projeto de cidade afinal de contas desejamos e estamos erigindo para nós mesmos e para nossos filhos.

Tão esdrúxula quanto a ideia de um empreendimento industrial gigantesco fincado no litoral urbano é a instalação de um jardim japonês encravado na Beira-Mar. O segundo pode até aparentar ser menos polêmico ou menos nocivo do ponto de vista social, econômico, ecológico, paisagístico, urbanístico ou, sei lá, estético do que o primeiro. Mas creio que, ambos, estaleiro e jardim japonês, em maior ou menor escala, são igualmente reveladores de nossos tantos equívocos. Não há, pelo menos ao que eu saiba, uma colônia japonesa constituída em Fortaleza. Qual então o significado daquele monstrengo pretensamente zen plantado em um dos últimos espaços de convivência da cidade? Aquilo não passa de mais uma das tais belas ideias fora do lugar, outra aberração urbana, outro alienígena que pousou na cidade e por ali foi ficando, debaixo da complacência bovina de todos nós.

O que, afinal de contas, isso tem a ver com o tiro que acertou Marcela? - indagará por certo o leitor que teima em buscar compreender os efeitos sem descer ao desvão das causas. Tem tudo a ver, insisto. Não estamos apenas entregando a cidade aos malfeitores, aos turistas sexuais, aos arautos da bagunça, aos políticos talvez bem intencionados que, por serem incompetentes, provavelmente lotarão a ante-sala do inferno.

Nós, também, somos perigosamente belicosos. Cada vez que estacionamos o carro sobre a calçada, tornamo-nos mais selvagens. Cada vez que mudamos de faixa no trânsito sem ligar a sinaleira, contribuímos com a desordem geral. Cada vez que paramos em fila dupla na frente da escola à hora de pegar o pimpolho na saída da aula, reproduzimos a lógica de uma terra sem delicadeza e sem lei. Gentileza gera gentileza, pregava o profeta carioca das ruas. Ao contrário dele, somos habituais fomentadores da grosseria, da falta de educação, da omissão, do oportunismo calhorda.

Se não puxamos pessoalmente o gatilho na direção da cabeça de uma inocente, por vezes nos pegamos fazendo coisa tão nefasta quanto. Estamos matando, pouco a pouco, por sufocamento, uma cidade inteira. Acordemos enquanto é tempo. Fortaleza pede socorro. Barbárie gera barbárie.

PS: Sei que corro o risco de algum parlamentar indecente brandir este texto no plenário da Câmara ou da Assembléia como panfleto político contra fulana ou beltrano. De antemão, repudio-lhe o gesto, Excelência. O senhor sabe bem o tamanho da carapuça que lhe cabe."

LIRA NETO

www.liraneto.com

quarta-feira, 10 de março de 2010

FILOSOFIA E SEGURANÇA PÚBLICA

Por quais motivos não estamos conseguindo resolver os problemas da segurança pública no Brasil, mais especificamente no Ceará?

Como os especialistas em segurança pública já buscaram as respostas utilizando-se de diversas áreas do conhecimento humano, irei aventurar-me a buscar alguma dica através da Filosofia.

Inicialmente é essencial ficar bem claro o significado literal do termo Filosofia. Trata-se de uma palavra de origem grega composta por duas outras: "philo" e "sophia". "Philo" deriva-se de "philia", que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. "Shopia" quer dizer sabedoria e dela vem a palavra "sophos", sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.

Vamos, então, utilizar da sabedoria para fazer algumas considerações, tendo como apoio central às nossas humildes análises um pouco do pensamento de Edgar Morin, francês considerado um dos pensadores mais importantes da atualidade, que baseia a sua teoria na crítica ao que são considerados os três pilares da ciência moderna: as lógicas indutiva e dedutiva, a ordem e a separabilidade. Esta última, foco de nossa análise.

A forma de pensar sustentada na separabilidade, idealizada pelo filósofo francês René Descartes (método Cartesiano), diz que para resolver um problema é necessário separá-lo em pequenas partes e resolvê-las uma a uma. Exemplos práticos:

1º - Foi criado um projeto de policiamento, realizado no litoral cearense, utilizando-se carros tracionados. Há a necessidade de um efetivo específico, visto que tal policiamento ficará sob a responsabilidade da PMTUR. Entretanto, é do conhecimento geral que todas as Unidades Operacionais da PMCE estão com carência de efetivo, mas mesmo assim dezenas de policiais são transferidos para a PMTUR, deixando vácuos em diversas áreas, principalmente em cidades do interior.

2º - A Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv) está sendo alvo de críticas por parte da população de diversos municípios do interior do Ceará, chegando a causar prejuízos políticos ao executivo estadual. Decide-se trocar quase a totalidade do efetivo, mudar o nome para Polícia Rodoviária Estadual (PRE), com características de Grande Comando, e alterar a subordinação operacional saindo do Comando de Policiamento do Interior (CPI) e passando para o Comando Geral (sem nenhum amparo legal). Cria-se uma aberração administrativa e legal, bagunçando ainda mais o burocrático organograma da Corporação.

Estes casos citados são somente os dois mais recentes, comprovando que estamos vendo a segurança pública pelas lentes da separabilidade.

Com o surgimento da Teoria Cibernética, que influenciou diversas áreas do saber (da informática à educação), podendo ser facilmente definida na frase "O todo é maior que a soma das partes", opondo-se à separabilidade, ficou bem mais nítido observarmos onde estamos errando. O todo é maior porque contém algo que não existe nas partes: as relações entre elas. Nenhum sistema é totalmente isolado, e fenômenos aparentemente díspares acabam influenciando um ao outro.

Temos excelentes especialistas em partes específicas do conhecimento policial, está faltando apenas aqueles que, com a visão do todo, entendendo um pouco de cada parte, seja capaz de harmonizar a interação entre estas especialidades.

"O especialista é o homem que sabe cada vez mais coisas num terreno cada vez menor, o que o fará saber tudo...sobre nada" BERNARD SHAW (1856-1950)

"Sendo todas as coisas ajudadas e ajudantes, causadas e causadores, estando tudo unido por uma ligação natural e insensível, acho impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, e impossível conhecer o todo sem conhecer cada uma das partes" BLAISE PASCAL (1623-1662)

RESULTADO DA ENQUETE

Resultado da enquete realizada com os nossos leitores:

1ª Pergunta - Qual dos últimos comandantes gerais da PMCE mais se destacou positivamente?




2ª Pergunta - Qual mais se destacou de forma negativa?



PREMONIÇÃO

Não sou um vidente, médium, astrológo, ou afeito a qualquer tipo de sortilégios; entretanto, com base em conceitos da Teoria dos Jogos, vou arriscar dar um palpite: daqui a alguns dias, provavelmente antes do final de maio, ocorrerão mudanças na cúpula da segurança pública estadual.

Quais cargos serão afetados?

Provavelmente dois de primeiro escalão, e mais uma dezena, por consequência, de funções de assessoria.

segunda-feira, 8 de março de 2010

O PODER REVELA QUEM SOMOS

O pesquisador Adam Galinsk, Ph.D. em psicologia social e professor de ética e decisões em gerência da Kellogg School of Management, realizou uma pesquisa que comprova cientificamente a veracidade do chavão: "O poder corrompe!".
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Em entrevista à Revista Época desta semana, responde a uma pergunta, feita pela jornalista Isabel Clemente, da seguinte forma:
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Época - O senhor diria que a melhor maneira de testar a identidade moral de um indivíduo é dar poder a ele?
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Galinsk - Sim, porque o poder não apenas muda a pessoa, mas revela quem ela é de verdade. Podemos afirmar, a partir dessa pesquisa, que a experiência do poder provoca certas mudanças no ser humano - e a maior é torná-lo hipócrita.
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Infelizmente, em nosso meio policial, encontramos inúmeros hipócritas.

PEC 300

PEC300 É APROVADA NA CAMARA DOS DEPUTADOS MAS ENFRENTA GRANDES DIFICULDADES PARA VOTAÇÃO DOS DESTAQUES

Nesta quinta-feira (4), o deputado federal Major Fábio (DEM) divulgou nota condenado a manobra do governo Lula, na tentativa de ‘fuzilar’ a PEC 300 e, a vitória da sociedade, dos Policiais Civis, Militares e dos Bombeiros do Brasil. Durante a sessão de ontem, após a votação do pré-sal, os deputados que compõe o núcleo duro do governo Lula derrubaram o painel na tentativa de inviabilizar a PEC 300.

O Major Fábio divulgou nota convocando a manutenção da mobilização nacional dos Policiais e Bombeiros. “A mobilização tem que continuar ainda mais forte. Brasília é a sede do nosso Quartel General. Vários partidos estão prometendo obstruir a pauta enquanto os destaques não forem votados”.

Confira Nota:

Companheiros desculpem por não ter me pronunciado há mais tempo. Assim como todos vocês, estou vivendo um misto de alegria, ocorrida na terça-feira (3), e decepção, ocorrida no dia de ontem.

Como todos os PMs, BMs e PCs assistiram, os líderes do PT manobraram no dia de ontem para a não votação de todos os destaques e encerramento da votação, aliás, os destaques foram apresentados por eles mesmo numa tentativa desenfreada de obstacular e barrar, essa é a verdade, a nossa PEC 300.

Após o encerramento das votações das matérias do pré-sal, Deputados da base do Governo Lula, numa ação orquestrada, pediram o fechamento e a reabertura do painel, o que inviabilizou e muito que a Câmara atingisse o quórum necessário e que não colocasse em risco os nossos anseios, quais sejam: rejeição completa dos últimos quatro destaques, chamados de destaques assassinos do PT.

O primeiro destaque foi colocado em votação, pois não colocava em risco o espírito da nossa PEC, é tanto que todos votamos “SIM”. Acontece que os demais tentam descaracterizar totalmente a Proposta, motivo pelo qual, de acordo com o art. 162, inciso IV do Regimento Interno não deveriam, sequer, serem aceitos, mas foram.

Entendam, para rejeitarmos todos os outros destaques, preservando o texto aprovado na terça-feira, precisamos de 308 votos "NÃO", ou seja, ontem, com apenas 323 Deputados presentes naquele momento, se apenas 16 deputados votassem SIM, desconfiguraríamos a PEC e perderíamos a guerra. O único jeito, repito, do PT, pelo menos adiar a votação, seria deixando sem quórum ou com um quórum que oferecesse perigo para nós, sendo esta última opção o que aconteceu.

A decepção e revolta foram grandes, entretanto, hoje, tenho a plena convicção de que o tiro manobrista saiu pela culatra, pois, logo após encerrada a sessão, os militares que estavam aqui, juntamente comigo, Deputados Capitão Assumção e Paes de Lira estiveram reunidos em frente ao Congresso Nacional e, após todas as falas, percebemos que a mobilização se fortaleceu e, agora, a partir desta decepção com o Governo do PT, a mobilização apenas começou.

Já hoje pela manhã, disse em Plenário que os PMs, BMs e agora também os Policiais Civis que, conclamo a todos para se juntarem a nós nesta corrente de força, darão uma resposta, primeiramente, política, e que o Presidente Lula, que anda com a sua pré-candidata debaixo do braço fazendo campanha, a partir de hoje, verá e sentirá nas pesquisas de opinião o quanto somos fortes.

Disse também que o Presidente da República sempre soube do nosso movimento, pois eu mesmo lhe entreguei uma camisa da PEC 300, no mês de agosto do ano passado, quando o mesmo esteve na cidade de Campina Grande para a inauguração de obras, mas, pelo menos até hoje, nunca demonstrou interesse por nosso movimento.

Entretanto, pessoal, já recebi diversas ligações no dia de hoje, algumas de deputados da base do governo, que afirmaram que os Deputados do PT que apresentaram os destaques estão sofrendo pressões para retirarem os mesmos. Então companheiros, o balanço que faço é positivo para o nosso movimento que se fortaleceu e negativo para eles que vão sentir a nossa força a partir de hoje.

Com o discurso que fiz hoje na Câmara, já me pediram pra ter calma e disseram que eu estou jogando "farinha" na pré-candidata do PT. De maneira nenhuma, mas, certamente, não apoiaremos quem for contra nós.

Por isso companheiros, avante!

A mobilização tem que continuar ainda mais forte. Brasília é a sede do nosso Quartel General. Vários partidos estão prometendo obstruir a pauta enquanto os destaques não forem votados.

Na próxima semana estaremos todos lá novamente. Vocês não sabem a pressão que os militares que vão sofrem naquele lugar, mas estamos de cabeça erguida e vamos vencer. PEC 300, NÓS ACREDITAMOS!

Major Fábio - Deputado Federal
Brasília, 4 de Março de 2010