"Todos os homens procuram ser felizes; isso não tem exceção... E esse é o motivo de todas as ações de todos os homens, inclusive dos que vão se enforcar..." (Pascal)
Afinal de contas, o que é felicidade e como conquistá-la?
Em sua obra Ética a Nicômacos, o filósofo grego Aristóteles (384 - 322 a.c.) afirmava que a felicidade (eudaimonia, em grego) depende de nós mesmos e precisa ser buscada sempre. Para ele, a felicidade é uma satisfação das necessidades e das aspirações mundanas e, ao atingí-la, outras necessidades surgirão para o homem; então, ele sempre estará nessa constante busca.
Muita gente tende a associar os níveis de felicidade na razão direta da obtenção de dinheiro e poder.
"Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos..." (Shakespeare)
Nos estudos sobre a felicidade, alguns pensadores tentaram até mesmo medí-la. Foi o que fez o filósofo utilitarista Jeremy Bentham através de seu Cálculo da Felicidade.
O filósofo Sêneca (4 a.c. - 65 d.c.) disassociava a felicidade do prazer, afirmando:
"Feliz é aquele que, satisfeito com sua condição, seja ela qual for, desfruta da mesma. Feliz quem entrega à razão o direcionamento de toda a sua vida."
Pesquisa recente da New Economics Foundation, em parceria com a organização Friends of The Earth, criou um ranking, com a participação de 178 países, denominado Índice Planeta Feliz.
Alguém seria capaz de advinhar qual país ficou em primeiro lugar?... Suiça?... Islândia?... Japão?... EUA?
Se você deu como resposta um país economicamente desenvolvido, com índice de desenvolvimento humano elevado... errou feio!
O grande campeão da felicidade de seu povo foi o desconhecido Vanuatu, um arquipélago no Oceano Pacífico, formado por 83 ilhas e com uma população total de 211 mil habitantes, que vivem basicamente da pesca e da agricultura.
Países como Estados Unidos e França ocuparam as últimas posições.
Fiz todo este arrodeio para falar um pouco sobre a atual situação dos policiais militares do Ceará. Mas antes disto, tenho que relatar que certa feita, o Dr. Lúcio Alcântara, então Governador, me indagou por qual motivo não se observava mais aquele clássico elan nos policiais militares, principalmente nos oficiais. Recordo-me que respondi, sem muito pestanejar, que era por conta de uma imensa crise de baixo autoestima pela qual a Corporação vinha passando.
Não é interessante detalhar esta conversa, para não perder o foco do que quero dizer, mas o mais importante é que ainda tenho a mesma opinião.
Os policiais militares, integrantes da PMCE, hoje são homens infelizes. Aquela velha frase comumente falada nos quartéis: "A gente ganha pouco mas se diverte", já não é mais pronunciada.
Ao contrário do que muita gente pensa, a felicidade para uma categoria profissional vocacionada, que se arrisca diariamente para que a sociedade se sinta mais segura e tranquila, não guia a sua felicidade para o lado material, exclusivamente. Há diversos outros fatores que motivam e tornam feliz o nosso trabalho, mas estes, infelizmente, estão esquecidos.
Reconhecimento, respeito, justiça, transparência, diálogo, união e ética, também são caminhos para a felicidade.
A felicidade, para os policiais militares do estado do Ceará, não está apenas na questão salarial, mas, principalmente, em diversos outros fatores. É preciso elevar a autoestima de nossos policiais, fazer com que eles tenham orgulho de pertencerem à Polícia Militar, mas isto só será possível com a adoção de medidas urgentes. Medidas estas que perpassam pela questão das promoções atrasadas, da carência de cursos e treinamentos, da questão da saúde do PM e de sua família, da questão do vale-alimentação, da quase ausência de programas de acompanhamento psicológico e social, da quase ausência de programas de moradia, do total abandono de orientação jurídica ao PM envolvido em ocorrências, da sobrecarga de trabalho, etc.