BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.

OS ARTIGOS PUBLICADOS PODEM SER COPIADOS, DESDE QUE CITADA A FONTE

quinta-feira, 19 de maio de 2011

TIRO POLICIAL

Venho preparando alguns artigos técnicos sobre diversos temas de interesse técnico-profissional-policial, levando-se em consideração o trabalho desenvolvido na tentativa de conseguir publicar um novo livro sobre Tiro Policial, pelo menos até o final deste ano, que não será uma reedição do meu primeiro livro (Tiro Policial e Armas de Fogo), mas uma complementação bem mais moderna e abrangente. Tentarei debater temas que corriqueiramente causam dúvidas aos policiais brasileiros.

Gradualmente irei publicando estes artigos aqui no Sobrevivência Policial. Alguns exemplos:
  • Qual a arma mais indicada para a defesa policial?
  • Qual o melhor calibre?
  • Qual a metodologia mais indicada para o treinamento de tiro policial?
  • Como portar as armas de fogo (serviço e folga)?
  • Como tirar melhor proveito dos equipamentos policiais?
  • Como agir em locais com baixa luminosidade?
  • Como se defender de ataques com armas brancas?
  • Para que parte do corpo do agressor devemos direcionar os nossos disparos?
  • Como obter melhor proveito de abrigos e barricadas?
  • Devemos disparar contra os pneus de veículos em fuga?
  • Como portar e utilizar pistolas de ação simples?
  • Em quais situações é indicado o uso do escudo balístico?
Talvez as respostas a algumas destas dúvidas possam surpreender muita gente.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

CORAÇÃO MOLE

Há poucos dias, pela manhã cedo, quando estava indo para o quartel, em um certo ponto da rodovia por onde costumo passar, justamente em um local onde o trânsito normalmente fica engarrafado nos horários de maior fluxo de veículos, observei que, uns poucos metros mais à frente, uma pessoa vinha andando de uma forma suspeita pelo canteiro central, bem próximo aos automóveis que se deslocavam lentamente. Meu instinto policial imediatamente disparou o "alarme de alerta" e logo fiquei pronto para um iminente confronto (não era a primeira vez que tive a necessidade de reagir a uma tentativa de assalto).

Aos poucos ia me aproximando do "suspeito", aproveitando os segundos que me separavam dele para observar todos os detalhes que seriam importantes para a minha ação: se estava visivelmente armado, se não haviam outras pessoas próximas, etc.

Fui notando que era um rapaz alto, um pouco magro e que estava vestindo boas roupas, possivelmente de marcas famosas, apesar de um pouco sujas; aparentava ter no máximo uns 19 anos de idade.

Observei que ele estava com um comportamento muito estranho: gesticulava de forma desconexa e passou a tentar se equilibrar sobre o guardrail, como se estivesse sobre uma prancha de surf. Observei rapidamente em volta e vi que algumas pessoas estavam rindo e zombando daquela situação. Realmente seria engraçado, se não fosse trágico.

Quando cheguei bem próximo, observei que o motivo de todo aquele comportamento estranho não era loucura, mas sim as drogas. Um passageiro de um carro que vinha logo à minha frente, saltou e, com certeza comovido com aquela situação, assim como também eu estava, tentou ajudá-lo a levantar-se após uma abrupta queda, mas o rapaz simplesmente fugiu correndo em direção ao outro lado, quase sendo atropelado na pista de sentido contrário.

Na época em que eu trabalhava no BPChoque, era comum companheiros zombarem de qualquer PM que demonstrassem algum sentimento de piedade. Tínhamos que trabalhar com uma pedra de gelo dentro do peito, senão era chamado de "coração mole". Quero reconhecer que estou ficando um "coração mole".

Ao me dar conta da situação daquele rapaz, logo me veio à lembrança os meus filhos, um deles também adolescente. Sem mesmo conhecer, imaginei o drama que os pais daquele garoto devem estar passando...e isso doeu muito. Na hora não chorei, mas admito, estou muito emocionado ao escrever estas linhas, pois vejo que os perigos das drogas rondam as famílias a todo momento, e qualquer um de nós pode ser vítima deste drama.

O meu filho mais velho, somente no dia de hoje, já disse que me ama pelo menos umas dez vezes, além de mandar mensagens pelo celular. O mais novo, que ainda está aprendendo a dizer as primeiras palavras, hoje me chamou de "mô", para dizer amor.

Sei que a vida de um policial é sempre atribulada, muito trabalho e estresse; sinto isto na pele todos os dias. Ainda têm aqueles companheiros que precisam complementar o salário com os "bicos" nas horas de folga. Mas, apesar de tudo, peço a todos os policiais que estejam lendo estas linhas agora, para que não esqueçam ou menosprezem as suas famílias, principalmente os filhos, pois eles são as riquezas mais importantes que temos. Não deixem que os traficantes façam o papel de pai e levem os seus filhos para um caminho quase sem volta.

CITAÇÃO AO ACASO

Metade do seu controle do poder vem do que você não faz, do que você não se permite ser arrastado a fazer. Para isso, você deve aprender a julgar todas as coisas pelo preço que terá que pagar por elas. Como Nietzsche escreveu, "O valor de uma coisa às vezes não está no que se consegue com ela, mas no que se paga por ela - o que ela nos custa".
Robert Greene (As 48 Leis do Poder)