BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.

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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ROMANCE MANEIRISTA CEARENSE

O fidalgo castelhano Alonso Quijano, auto-intitulado Don Quijote de la Mancha (em castelhano), que perdeu a razão pela frequente leitura dos romances de cavalaria, passando a viver em um mundo de fantasias, sempre tentando imitar os seus heróis; é o personagem principal do livro El Ingenioso Hidalgo Don Qvixote de La Mancha (título e ortografia original), de autoria do escritor espanhol Miguel de Cervantes y Saavedra, publicado sua primeira edição em 1605. Esta obra foi eleita a melhor obra de ficção de todos os tempos.

A exemplo de Dom Quixote, vivendo em um mundo de fantasias alimentadas pela leitura assídua de ficção, está uma grande parte das autoridades cearenses, principalmente aquelas que têm gerência direta sobre os rumos da segurança pública.

Igualmente à obra de Miguel de Cervantes, neste meio de "policiólogos", há também os fiéis escudeiros Sancho Pança. São aqueles que contrastam com o personagem principal pois encaram as aventuras vivenciadas unicamente pelo seu lado realista e racional, mas, infelizmente, deixam-se, aos poucos, influenciar-se pelos delírios e fantasias do falso cavaleiro.

Rocinante, o cavalo velho e descarnado do cavaleiro andante, também tem sua representação por estas bandas: são aqueles que vão deixando-se conduzir pelas excentricidades de seu dono sem reclamar e sem esboçar opiniões, simplesmente cumprindo os comandos de suas rédeas. A grande maioria de nós é formada de Rocinantes.

Assim também como no clássico romance, estamos vivendo um conflito surgido do confronto entre o passado e o presente, o ideal e o real e o ideal e o social.

Depois de ter todas as suas fantasias desmentidas pela dura realidade, o fidalgo Alonso Quijano, ao retornar ao seu povoado, percebe que Dom Quixote não é um herói, ou mais profundamente ainda: que não há heróis.

Infelizmente, as fantasias de nossos Quixotes modernos não passam apenas de bom humor e diversão, podem em pouco tempo trazer uma série de consequências desastrosas para a segurança pública de nosso Estado.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

VAI NASCER UM MONSTRO...

Há uma imensa preocupação, por parte das autoridades que compõem a cúpula da segurança pública cearense, com o policiamento das áreas comerciais do centro da cidade e do corredor da Av. Monsenhor Tabosa. Preocupação esta que, apesar de todas as justificativas, tais como o aumento do fluxo de pessoas, chega a ser exagerada, pois pode vir a prejudicar outras áreas da cidade.

Enquanto isso, está em gestação um grande "monstro" que deverá assolar a sociedade cearense nos próximos anos, entretanto nenhuma dessas autoridades está dando importância: trata-se do crime organizado.

O interior do Ceará está sendo uma grande incubadora deste tipo de atividade criminosa que estende os seus tentáculos desde o tráfico de drogas, passando pelos homicídios por encomenda, e indo até os grandes assaltos, estes realizados em municípios de estados vizinhos.

Já temos, no Brasil, experiências deste tipo, onde as autoridades ignoram áreas menos favorecidas da sociedade dando prioridade para projetos pontuais de curto prazo, agradando, quase que exclusivamente, setores mais favorecidos economicamente; isto ocorreu há alguns anos no Rio de Janeiro, e hoje o crime organizado tem influência em boa parte da sociedade e domina a maior parte das comunidades mais carentes.

EXEMPLO PROFISSIONAL

Como blogueiro tenho me sentido, vez ou outra, um pouco jornalista, apesar de ter características muito distantes deste ramo profissional; o que me leva a respeitar esta profissão.

Venho acompanhando o trabalho desenvolvido por três jornalistas do Diário do Nordeste: Fernando Ribeiro (editor), Emerson Rodrigues e Nathália Lobo; todos da página de Polícia. Tenho nutrido uma grande admiração pelo conteúdo de seus artigos.

Ortega y Gasset, filósofo considerado um dos mais importantes ensaístas do século XX, autor da obra "A Rebelião das Massas" (1930), ensinava que era obrigação do jornalista: clareza, domínio da língua, familiaridade com o tema, texto escorreito, discernimento, conhecimento e compreensão da realidade, consciência crítica, fidelidade à fonte e aos fatos, compromisso com a verdade, autonomia, imparcialidade, isenção, sinceridade e honestidade.

A estes jornalistas, que em seus trabalhos temos observado as características descritas acima, minhas congratulações por terem a coragem de levar ao conhecimento da sociedade fatos relevantes da segurança pública de nosso Estado.

GUERRA URBANA

´Guerra´ nas ruas matou 1.292

Em 11 meses de 2009, os assassinatos já superaram em 38,3 por cento o quantitativo em igual período de 2008

A "guerra" urbana que se instalou na Grande Fortaleza este ano, com execuções sumárias registradas diariamente, chegou a números desafiadores para a Segurança Pública do Estado. Em 11 meses de 2009, nada menos que 1.292 pessoas foram assassinadas na Capital e nos Municípios que compõem a Região Metropolitana (RMF). O crescimento do número de homicídios, comparado a igual período do ano passado, chega ao patamar de 38, 3 por cento.

Em 2008, 934 pessoas foram mortas entre os meses de janeiro e novembro. Uma média de 85 homicídios por mês. Já este ano, a média mensal é de 117 pessoas assassinadas. O salto gigantesco nesta estatística foi comprovado pelo Diário do Nordeste em seus levantamentos próprios, feito a partir dos registros de homicídios nos boletins diários da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), no site da SSPDS, Coordenadoria de Medicina Legal (CML) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e pelas notificações dos hospitais de emergência e guias cadavéricas expedidas pelas Delegacias de Polícia (DPs).
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Fonte: Diário do Nordeste

Em 21/09/2009 postei o artigo "Há algo de podre no reino da Dinamarca". Em trecho deste artigo escrevi:

"Um Hamlet moderno diria: há algo de podre no sistema de segurança pública do Estado do Ceará".

Parece que eu estava vaticinando. Infelizmente tenho a sensação de que muito mais está para vir.