BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.

OS ARTIGOS PUBLICADOS PODEM SER COPIADOS, DESDE QUE CITADA A FONTE

sábado, 26 de setembro de 2009

A POLÍCIA PARTICULAR

Objeto de debates acalourados, sendo por diversas vezes gerador de críticas à polícia, inclusive colocando sobre suspeitas alguns gestores públicos: a participação da polícia militar em eventos de natureza exclusivamente particular (Fortal, Ceará Music, Vaquejadas, etc.) é assunto que deve ser exaustivamente discutido, inclusive com a interferência de diversos setores da sociedade.
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Sempre questiono se o recebimento destas solicitações pela polícia atende ao interesse público, ou tem como motor a pura troca de favores políticos...ou coisa mais grave.

CAMPANHA PELA VIDA...

"Campanha pela vida...
cuide da sua que eu cuido da minha!"
(Mução)

"OLHANDO PRO RABO DOS OUTROS"

"Os delegados da Polícia Civil decidiram, em assembléia realizada na manhã de ontem, não conceder mais entrevista a qualquer órgão da Imprensa, assim como ameaçaram fiscalizar as entrevistas fornecidas pela Polícia Militar para, posteriormente, comunicar o fato ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE) e ao secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto das Chagas Monteiro. Pediram também o apoio dos deputados estaduais contra as medidas e intimidações do secretário.
A reação é uma forma de protestar contra a exoneração de três delegados, pelo titular da SSPDS. De acordo com Lusimar Moura, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepol), além dessas medidas, os delegados afirmam que só vão trabalhar no horário estabelecido em lei, descartando plantões extras ou participação em operações extraordinárias.
"Ficou decidido que vamos cumprir estritamente a nossa carga horária, que é de 30 horas semanais. E na nossa relação com a Imprensa não vamos poder fornecer informações. Se a PM fornecer (entrevistas), vamos copiá-las (gravar) e enviá-las para o Ministério Público e para a OAB, além de exigir do secretário que afaste esses policiais. Já que ele censurou a gente, também tem que censurar os outros. Não só com relação ao direito de imagem, mas a tudo (entrevistas)", afirmou."

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=674398

O mais engraçado é que quando eles (Delegados) receberam tratamento diferenciado em relação à questão salarial, não lembraram de igualdade com a Polícia Militar.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SAIDINHA BANCÁRIA

Uma modalidade criminosa que vem trazendo vários transtornos à população de Fortaleza, é aquela apelidada de "saidinha bancária", ou seja, o cidadão realiza um saque em uma agência bancária e logo em seguida é roubado, antes mesmo de chegar ao seu destino.
Esta ação criminosa vem gerando uma verdadeira paranóia entre os clientes das agências bancárias que necessitam realizar saques de valores mais elevados, além de ser uma grande dor de cabeça para a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social.
Analisando dados estatísticos dos anos de 2007 e 2008, podemos fazer algumas constatações:
1º - Foram 235 casos registrados em 2007 e 240 casos em 2008, perfazendo um total de 475 casos com registro na CIOPS. Se tirarmos no ano de 2008 todos os dias em que as agências bancárias não funcionaram (sábados, domingos e feriados), teremos uma média de uma "saidinha" por dia.
2º - Os dois bairros com os maiores números de casos são: Centro (134 casos) e Aldeota (132 casos). Somente nestas duas áreas estão 56% de todos os casos ocorridos em 2007 e 2008. Observamos, com estes dados, que os bandidos preferem locais com uma grande concentração de agências bancárias e grande fluxo de pessoas. Misturar-se entre os cidadãos é o principal disfarce dos bandidos. Justamente por isso que os bancos preferidos são aqueles que, também, apresentam uma intensa movimentação. Banco do Brasil, Bradesco, CEF e Itaú respondem por 82% dos casos.
3º - Os bairros citados anteriormente são áreas que apresentam um intenso trânsito, por isso a preferência na utilização de motocicleta como veículo de fuga. Em 76,8% dos casos os assaltantes utilizaram a motocicleta como transporte. O trânsito caótico de Fortaleza, aliado à mobilidade que a motocicleta oferece, dificulta a ação da polícia.
4º - Continuando a análise dos dados sobre "saidinha" nos anos de 2007 e 2008, observamos que não há um dia da semana com maior preferência, contando-se uma pequena redução às segundas-feiras. Isto desfaz aquela impressão de que o dia preferido seria sexta-feira. Os horários com maior incidência fica entre 12hs00 e 16hs00, com um maior destaque para o período de 14hs00 às 16hs00 (39% dos casos).
5º - Em relação à distribuição destes casos nos meses do ano, não há como estabelecer um padrão para análise, apenas há que se citar que em 2008 o mês com maior incidência de casos foi setembro, enquanto em 2007 foi em outubro.
6º - Em 88% dos casos eram dois assaltantes, que abordaram sua vítimas em locais não próximos às respectivas agências em 81,5% dos registros. Em apenas 2,3% dos roubos a quantia não superava os R$ 1.000,00. Conclui-se que as vítimas não são escolhidas de forma aleatória na saída das agências, há informações internas; ou os bandidos ficam constantemente no interior das agências observando quem realiza saques mais elevados (não é nos caixas eletrônicos, pois o limite de saque não supera os R$ 1.000,00), e aí observamos indícios da conivência dos seguranças; ou a informação já parte de funcionários do banco, caso que acho menos provável.
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Com as informações anteriores, somadas à minha experiência policial, arrisco-me a traçar o perfil do crimininoso especializado na modalidade de roubo denominada "saidinha bancária".
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PERFIL DO CRIMINOSO:
Agem em dupla utilizando-se da motocicleta como meio de transporte, pois facilita, além da questão do estacionamento nas proximidades do banco, a perseguição à vítima e a fuga após o roubo (o uso do capacete também dificulta a identificação). Enquanto um dos assaltantes permanece na área externa do banco observando a movimentação de entrada de clientes, tentando identificar uma possível vítima, o outro permanece na parte interna, próximo aos caixas, provavelmente nas filas de espera, identificando saques elevados. Eles trocam de posição constantemente para não criar suspeitas.
Escolhidas as vítimas, com base na quantia retirada, passam a seguí-las, abordando-as em locais em que não hajam policiais ou seguranças por perto, quando a vítima pára o seu veículo em algum ponto do trajeto ou em seu destino final, caso não tenham tido oportunidade anterior. Geralmente apenas um dos bandidos está armado, para possibilitar a entrada do outro na agência através do detector de metais.
Após o assalto, não passam muito tempo circulando na moto; ou param em um bar, comércio ou outro tipo de estabelecimento; ou param a moto em um estacionamento qualquer, deslocando-se à pé e separados; ou somente um, geralmente o que está desarmado, fica na moto, enquanto o outro segue a pé até diminuirem a movimentação das viaturas.
Também tomam o cuidado de, na maioria das vezes, levar o celular da vítima e as chaves dos veículos, para dificultar a comunição do roubo ou a perseguição pelas vítimas.
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Em artigo posterior, tentarei indicar alguns procedimentos importantes para não ser vítima das "saidinhas".
Também buscarei sugestionar algumas medidas que poderão ser adotadas pela SSPDS para dimimuir a incidência deste delito.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"HÁ ALGO DE PODRE NO REINO DA DINAMARCA"

O príncipe Hamlet, célebre personagem Shakespeariano, após fazer a afirmação do título desta postagem, teve que fingir-se de louco para não ser eliminado pelo complô que se instituíra em seu reino, que lhe havia sido revelado pelo "espectro" do Rei morto (este havia sido envenenado pela Rainha, com a cumplicidade de seu irmão Cláudio).

Profundamente traído e desonrado Hamlet jura vingança, conduzindo o seu plano até o ponto de ter matado o seu desafeto em um duelo de espadas, contudo, foi ferido pela espada do algoz que, covardemente, estava envenenada; tendo também morrido em seguida.

Um Hamlet moderno diria: Há algo de podre no sistema de segurança pública do estado do Ceará.

Resta uma única dúvida: seria melhor fingir-se de louco para, ao final, eliminar todo o mal, resgatando a honra de seu reino, mesmo com o sacrifício próprio; ou antecipar este sacrifício, relatando tudo o que se sabe sobre a história do reino, deixando para os súditos a decisão sobre o melhor rumo a seguir?

domingo, 20 de setembro de 2009

REPROVAÇÕES

Eu e o T.Cel. Nascimento, comandante do Batalhão de Polícia de Choque, temos conversado muito sobre as inúmeras dificuldades encontradas para levarmos à frente o projeto de "ressuscitação" do nosso Batalhão. Inicialmente era o descrédito que a tropa tinha em relação à possibilidade de melhorias, em virtude dos vários anos de promessas não cumpridas e de desvalorização do trabalho especializado das diversas Companhias integrantes do BPChoque. Em segundo lugar vinha a carência de treinamentos técnicos, deixando a tropa pouco adestrada e muito dispersa. Por último, a falta de reconhecimento e valorização profissional.
Todos estes obstáculos estão sendo, gradativamente, superados; entretanto outros se agigantam no horizonte.
Poucas pessoas, dentro de nossa Corporação, são capazes de entender que as vitórias conquistadas pelo BPChoque não são vitórias individuais de seus integrantes, mas vitórias conquistadas por toda a Polícia Militar do Ceará. Ao crescer o BPChoque, cresce a PMCE e consequentemente todo o sistema de segurança pública do Ceará, onde a grande vitoriosa disso tudo é a sociedade.
Inveja, fofocas, falta de apoio, entre outros sentimentos mesquinhos, serão os nossos grandes inimigos nesta batalha diária.
Infelizmente, o sentimento/desejo de reprovação dos méritos e conquistas alheias é um fator cultural do povo brasileiro, como já era cantado nos versos de Gregório de Matos:
Se sois homem valoroso,
Dizem que sois temerário,
Se valente, espadachim,
E atrevido, se esforçado.
Se resoluto,
Arrogante,
Se pacífico, sois fraco,
Se precatado,
Medroso,
E se não o sois,
Confiado.
Se falais muito, palreiro,
Se falais pouco, sois tardo,
Se em pé, não tendes assento,
Preguiçoso, se assentado.
E assim não pode viver
Neste Brasil infestado,
Segundo o que vos refiro
Quem não seja reprovado.