BOAS-VINDAS

É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

SÉRIE ENTREVISTAS - CAPITÃO WAGNER SOUSA

Já havíamos divulgado anteriormente que um dos projetos previstos para o Sobrevivência Policial, ainda para este ano, seria a realização periódica de entrevistas com pessoas que tenham algum tipo de ligação com o sistema de segurança pública estadual, com os propósitos de resgatar a nossa história, apresentar projetos viáveis ou, simplesmente, fornecer algum tipo de informação importante aos nossos leitores.

Inaugurando este projeto, publicamos uma entrevista realizada com o Capitão Wagner Sousa, da Polícia Militar do Ceará, que daqui há poucos dias assumirá uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará, sendo o primeiro militar estadual eleito como representante legítimo da categoria.

Colaborou com esta entrevista a Dra. Christianne Lima (OAB/CE Nº 10.232).


Sobrevivência Policial (SP) – Nas últimas eleições, você conquistou aproximadamente 29 mil votos, tendo ficado na condição de 1º suplente de Deputado Estadual do partido pelo qual foi candidato. Quais as possibilidades de você vir a assumir uma vaga na Assembleia Legislativa?

Wagner Sousa (WS) - Na verdade a possibilidade é concreta, pois a Deputada Fernanda Pessoa deverá entrar de Licença para tratar de assunto particular por quatro meses, a partir do final de setembro, e dia 28 do mesmo mês estaremos assumindo a cadeira de líder do Partido da República na Assembleia Legislativa.


SP - Como ficará a sua situação profissional após isso?

WS - Infelizmente irei para a Reserva Remunerada com salário proporcional, como tenho apenas 13 anos de polícia meu salário será reduzido em mais da metade.


SP - Quais seus principais projetos como Deputado Estadual?

WS - Nós sabemos que a principal carência da tropa hoje é por melhores salários, pois temos um dos piores salários do país. Vamos tentar convencer, de todas as formas, o executivo estadual desta necessidade, bem como iremos tentar reformular o Estatuto e o Código Disciplinar dos militares estaduais.


SP - Você tem afirmado que vem sofrendo diversas situações de assédio moral no meio profissional, isso se deve ao simples fato de ter sido candidato, em razão do seu partido ser de oposição ao atual governo estadual ou foi imposto exclusivamente por conta da estrutura militar da polícia militar?

WS - Não acredito que a perseguição seja causada pelo militarismo. Acredito que minha postura de falar a verdade em relação aos atos de superiores e subordinados, inclusive a respeito do sistema político e administrativo do estado, assustam algumas pessoas, que por temerem perder suas gordas gratificações, mesmo concordando com o que tenho dito, me perseguem através de procedimentos administrativos e criminais sem o menor cabimento.


SP – Como será a sua relação com o governo do estado?

WS – Algumas pessoas perguntam se vou pegar pesado. Se pegar pesado for falar a verdade, pretendo sim. Enquanto for representante dos profissionais de segurança pública do Ceará, tenho o dever de defendê-los mesmo com o risco da própria vida.


SP – Qual o significado para os militares estaduais em terem um representante na Assembleia Legislativa?

WS - Os militares estaduais são muito fortes. Se tiverem um líder para organizar e lhes mostrar o valor político desta força, eles podem ser reconhecidos pelo brilhante serviço que prestam a comunidade. Em breve estes militares terão representantes em todas as esferas de governo: municipal, estadual e federal.


SP – Como uma maior conscientização política dos profissionais de segurança pública deverá contribuir para a melhoria das condições de trabalho?

WS - Sem a menor sombra de dúvidas, os militares conscientes passaram a brigar mais por seus direitos. Todos nós sabemos que com a representatividade as categorias passaram a conquistar melhorias e por isso, finalmente, acordaram um elefante adormecido chamado de profissionais de segurança pública unidos...com esses ninguém pode, ou melhor, só Deus pode detê-los.

domingo, 28 de agosto de 2011

ARTIGO DA SÉRIE SOBREVIVÊNCIA POLICIAL


USO TÁTICO DO ABRIGO E DO MOVIMENTO EM SITUAÇÕES DE CONFRONTO

Todo policial, em suas atividades rotineiras de policiamento, está sujeito a enfrentar situações de confrontos contra bandidos armados. Um tiroteio sempre será uma situação muito delicada e perigosa, pois, por mais preparado que o policial esteja, as características destes tipos de ocorrências envolvem muita tensão e riscos, tanto para o profissional de segurança pública quanto para pessoas inocentes.

Considerando, ainda mais, que tais confrontos envolvem altos níveis de estresse, ocasionando mudanças fisiológicas importantes no organismo do policial, é altamente recomendado, quando o policial estiver envolvido em situações de confrontos armados, que sejam observadas as dicas a seguir :

ð Em situações de confrontos armados, uma das primeiras atitudes do policial, que esteja diretamente envolvido na ocorrência, será procurar um abrigo contra os disparos dos marginais. Estando devidamente protegido, ele terá melhores condições de aplicar o método OODA (falarei mais detalhadamente deste método em outro artigo):

  • OBSERVAR: avaliar a situação de forma geral, sentindo o nível de perigo do confronto.
  • ORGANIZAR: identificar os possíveis alvos e avaliar a possibilidade de riscos a pessoas inocentes, levando em consideração a proporcionalidade de opositores e o poder de fogo contrário. 
  • DECIDIR: guiando-se pelo nível técnico que possuí, bem como por suas experiências profissionais, decidir qual será a tática mais adequada para o tipo de ocorrência que está enfrentando, tendo como pressupostos a sua segurança e a de outras pessoas, nesta ordem. 
  • ATUAR: alicerçado pelos tópicos anteriores, agir adequadamente e com segurança. 
ð Se o policial encontrar um bom abrigo, e a situação tática permitir, é indicado que ele permaneça neste local enquanto durar o confronto.

ð Se estiver em um local aberto, com ausência de abrigos seguros, o policial deverá mudar de posição constantemente. Alvos móveis reduzem drasticamente a probabilidade de ser atingido pelos disparos dos bandidos. Estes deslocamentos não deverão ser realizados na mesma direção da linha dos tiros.

ð O policial deve sempre trocar de posição, entretanto para um abrigo mais protegido do que o anterior. O contrário só ocorrerá (passar de uma posição mais protegida para uma pior) se a situação tática exigir – como, por exemplo, para proteger um flanco descoberto.

ð Quando for mudar de posição, o policial deverá já ter traçado claramente o próximo objetivo e a forma como irá se mover. O deslocamento deverá ser realizado de forma rápida e precisa, adotando imediatamente uma posição de tiro adequada tão logo esteja abrigado.

ð É muito mais indicado ter qualidade nos disparos do que quantidade. Ficar sem munição durante um confronto pode ser fatal para o policial. Quando estiver abrigado, identifique claramente os alvos antes de realizar qualquer disparo. Importante: atente sempre para os riscos a pessoas inocentes.

ð Se houver necessidade de recarregar a arma, procurar fazer quando estiver abrigado.

ð Nunca ficar em pé e parado por mais de três segundos, quando estiver desabrigado.

ð Evitar disparar enquanto se move. Exceção para os casos em que haja a necessidade de uma resposta imediata em confrontos de curta distância e sem a disponibilidade de abrigos próximos, para fugir da "zona de morte", e quando não houver riscos para inocentes.

ð Entenda que abrigo é diferente de cobertura; o primeiro protege o policial dos disparos dos marginais, enquanto o segundo apenas oculta a sua posição. Uma coberta não é um abrigo. Por exemplo: o policial por trás da porta de uma viatura não estará abrigado.

ð Quando a ocorrência estiver completamente desfavorável para a segurança do policial ou quando pessoas inocentes estiverem correndo sérios riscos, não será vergonha ou desonra abandonar temporariamente o confronto.

Esta postagem é um fragmento de um artigo integrante de um novo livro deste autor que está para ser publicado, entretanto já legalmente protegido. É autorizada a reprodução parcial desde que citada a fonte e indicado o link.