BOAS-VINDAS

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segunda-feira, 24 de maio de 2010

SEGURANÇA PÚBLICA É FÁCIL!?

Já estando no exercício de minha Licença Especial, aproveitando estes primeiros dias para organizar algumas coisas em casa, agora há pouco, ao trocar os canais da televisão, em um destes programas policiais que passam no horário do almoço, observei que o apresentador do programa, que é inclusive Deputado Estadual, defendia com toda a sua retórica que os problemas atuais de segurança pública são muito fáceis de resolver, é só as autoridades quererem.

Filosofando um pouco sobre a questão, fiquei me perguntando qual seria o motivo das autoridades públicas brasileiras não quererem resolver os problemas de segurança pública, pois, na lógica do apresentador/político, tudo é muito fácil de solucionar.

Aquele velho ditado popular que diz: "de médico e de louco todo mundo tem um pouco"; como também aquela outra afirmação de que "todo brasileiro é um técnico de futebol", muito em destaque nos últimos dias por conta da convocação da seleção brasileira; pode ser acrescentado por mais uma habilidade tupiniquim: "todo brasileiro, principalmente os políticos em campanha, conhecem as fáceis soluções para a redução da criminalidade".

Existem no Brasil quatro tipos básicos de policiólogos: (a) aqueles que apresentam bom conhecimento acadêmico, mas pouca ou nenhuma experiência prática; (b) os que, ao contrário dos anteriores, têm boa vivência prática mas muita carência teórica; (c) os que têm um pouquinho de cada coisa, mas não apresentam habilidades de gestão; (d) e finalmente aqueles que não sabem nada e mesmo assim apresentam soluções muito simples para resolver todo o impasse (nesta categoria podemos encontrar todos os apresentadores de programas policiais e uma grande parte dos deputados).

O atual organograma da segurança pública cearense, posto em prática a partir de 1997 no governo de Tasso Jereissati, foi muito importante como um marco na modernização de todo o sistema de defesa social, entretanto, atualmente, tem mostrado-se com uma estrutura extremamente pesada e burocrática, com vários pontos conflitantes e dúbios, havendo um grande desperdício de verbas e de capital humano (é só ver a quantidade de policiais exercendo atividades administrativas na SSPDS). Este organograma tem obrigado os governadores a indicarem para a função de Secretário de Segurança pessoas oriundas da Polícia Federal ou das Forças Armadas, além de não serem cearenses.

Ao próximo Governador cearense fica a proposta de estudar, já a partir de agora, uma nova estrutura para o sistema de segurança público. Há a imediata necessidade de:

  • Descentralizar
  • Dinamizar
  • Enxugar
  • Inovar
  • Capacitar
  • Estimular
  • Estabelecer metas
  • Fiscalizar
Perfil necessário para o gestor do sistema de segurança público cearense no próximo governo:

  1. Ter vasto conhecimento acadêmico sobre os problemas da segurança pública e fatores geradores de violência e criminalidade no Brasil e no mundo.
  2. Ter experiência prática policial, principalmente no enfrentamento direto da criminalidade.
  3. Ser conhecedor das boas práticas policiais projetadas e executadas com êxito no combate à criminalidade.
  4. Conhecer profudamente os problemas sociais enfrentados pela sociedade cearense.
  5. Ser agregador, reconhecedor, estimulador e fiscalizador das organizações que integram o sistema de segurança pública e defesa social.
  6. Principalmente, ser capaz de apresentar projetos que integrem outras secretarias estaduais na luta por uma sociedade mais pacífica, pois, como todos já desconfiamos, violência e criminalidade não são problemas de solução exclusiva das polícias.
Para finalizar, só tenho uma coisa a dizer ao tal apresentador/deputado:

Se continuarmos pensando segurança pública como uma coisa fácil de solucionar, os seus programas sensacionalistas terão muita matéria para exibir.

Um comentário:

Coronel Duarte Frota disse...

Estimado Major Wilson,
Certamente a Seguraça Pública no Ceará, se o Olimpo Estadual ouvisse e entendesse profissionais competentes e compromissados com o bem comum, o cenário estaria diferente.
Os governos são passageiros e a Corporação é perene.Precisamos para a Sobrevivência de nossas Corporações de oficiais com seu perfil!