BOAS-VINDAS

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SAIDINHA BANCÁRIA

Uma modalidade criminosa que vem trazendo vários transtornos à população de Fortaleza, é aquela apelidada de "saidinha bancária", ou seja, o cidadão realiza um saque em uma agência bancária e logo em seguida é roubado, antes mesmo de chegar ao seu destino.
Esta ação criminosa vem gerando uma verdadeira paranóia entre os clientes das agências bancárias que necessitam realizar saques de valores mais elevados, além de ser uma grande dor de cabeça para a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social.
Analisando dados estatísticos dos anos de 2007 e 2008, podemos fazer algumas constatações:
1º - Foram 235 casos registrados em 2007 e 240 casos em 2008, perfazendo um total de 475 casos com registro na CIOPS. Se tirarmos no ano de 2008 todos os dias em que as agências bancárias não funcionaram (sábados, domingos e feriados), teremos uma média de uma "saidinha" por dia.
2º - Os dois bairros com os maiores números de casos são: Centro (134 casos) e Aldeota (132 casos). Somente nestas duas áreas estão 56% de todos os casos ocorridos em 2007 e 2008. Observamos, com estes dados, que os bandidos preferem locais com uma grande concentração de agências bancárias e grande fluxo de pessoas. Misturar-se entre os cidadãos é o principal disfarce dos bandidos. Justamente por isso que os bancos preferidos são aqueles que, também, apresentam uma intensa movimentação. Banco do Brasil, Bradesco, CEF e Itaú respondem por 82% dos casos.
3º - Os bairros citados anteriormente são áreas que apresentam um intenso trânsito, por isso a preferência na utilização de motocicleta como veículo de fuga. Em 76,8% dos casos os assaltantes utilizaram a motocicleta como transporte. O trânsito caótico de Fortaleza, aliado à mobilidade que a motocicleta oferece, dificulta a ação da polícia.
4º - Continuando a análise dos dados sobre "saidinha" nos anos de 2007 e 2008, observamos que não há um dia da semana com maior preferência, contando-se uma pequena redução às segundas-feiras. Isto desfaz aquela impressão de que o dia preferido seria sexta-feira. Os horários com maior incidência fica entre 12hs00 e 16hs00, com um maior destaque para o período de 14hs00 às 16hs00 (39% dos casos).
5º - Em relação à distribuição destes casos nos meses do ano, não há como estabelecer um padrão para análise, apenas há que se citar que em 2008 o mês com maior incidência de casos foi setembro, enquanto em 2007 foi em outubro.
6º - Em 88% dos casos eram dois assaltantes, que abordaram sua vítimas em locais não próximos às respectivas agências em 81,5% dos registros. Em apenas 2,3% dos roubos a quantia não superava os R$ 1.000,00. Conclui-se que as vítimas não são escolhidas de forma aleatória na saída das agências, há informações internas; ou os bandidos ficam constantemente no interior das agências observando quem realiza saques mais elevados (não é nos caixas eletrônicos, pois o limite de saque não supera os R$ 1.000,00), e aí observamos indícios da conivência dos seguranças; ou a informação já parte de funcionários do banco, caso que acho menos provável.
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Com as informações anteriores, somadas à minha experiência policial, arrisco-me a traçar o perfil do crimininoso especializado na modalidade de roubo denominada "saidinha bancária".
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PERFIL DO CRIMINOSO:
Agem em dupla utilizando-se da motocicleta como meio de transporte, pois facilita, além da questão do estacionamento nas proximidades do banco, a perseguição à vítima e a fuga após o roubo (o uso do capacete também dificulta a identificação). Enquanto um dos assaltantes permanece na área externa do banco observando a movimentação de entrada de clientes, tentando identificar uma possível vítima, o outro permanece na parte interna, próximo aos caixas, provavelmente nas filas de espera, identificando saques elevados. Eles trocam de posição constantemente para não criar suspeitas.
Escolhidas as vítimas, com base na quantia retirada, passam a seguí-las, abordando-as em locais em que não hajam policiais ou seguranças por perto, quando a vítima pára o seu veículo em algum ponto do trajeto ou em seu destino final, caso não tenham tido oportunidade anterior. Geralmente apenas um dos bandidos está armado, para possibilitar a entrada do outro na agência através do detector de metais.
Após o assalto, não passam muito tempo circulando na moto; ou param em um bar, comércio ou outro tipo de estabelecimento; ou param a moto em um estacionamento qualquer, deslocando-se à pé e separados; ou somente um, geralmente o que está desarmado, fica na moto, enquanto o outro segue a pé até diminuirem a movimentação das viaturas.
Também tomam o cuidado de, na maioria das vezes, levar o celular da vítima e as chaves dos veículos, para dificultar a comunição do roubo ou a perseguição pelas vítimas.
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Em artigo posterior, tentarei indicar alguns procedimentos importantes para não ser vítima das "saidinhas".
Também buscarei sugestionar algumas medidas que poderão ser adotadas pela SSPDS para dimimuir a incidência deste delito.

Um comentário:

Anônimo disse...

MUITO BOA ESSA POSTAGEM.PRECISAMOS MESMO DE DICAS,COMO ESTAS, PARA EVITAR ESTES ASSALTOS.