Tendo em vista que a Polícia Militar do Ceará não oferece qualquer apoio que facilite a publicação de algum livro técnico, as pesquisas só deverão estar concluídas perto do final do primeiro semestre de 2012.
BOAS-VINDAS
É uma grande alegria receber a sua visita. Tenho o real desejo de tornar este blog um espaço onde possamos discutir, de forma aberta e sincera, assuntos de interesse profissional para todos aqueles que participam da guerra diária contra a criminalidade e a violência.
As opiniões e comentários serão de essencial importância para o sucesso deste espaço de discussões.
OS ARTIGOS PUBLICADOS PODEM SER COPIADOS, DESDE QUE CITADA A FONTE
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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
NOVO MÉTODO DE TREINAMENTO DE TIRO POLICIAL
FISIOLOGIA DO ENFRENTAMENTO ARMADO
Não é mais novidade que venho desenvolvendo um novo método de treinamento de tiro policial com base em estudos científicos da Fisiologia do Enfrentamento Armado. Já divulguei este tema nas redes sociais e aqui no Sobrevivência Policial. Por conta disto, algumas pessoas estão querendo saber detalhes sobre a Fisiologia do Enfrentamento Armado e sobre o método de treinamento.
Minha proposta inicial seria a de tornar público o novo método de treinamento de tiro policial por ocasião do lançamento do meu próximo livro, prevista para o início de 2012, mas, em decorrência das inúmeras solicitações, divulgarei pequenos resumos sobre o tema, pois estou terminando todos os detalhes técnicos para o pedido de patente do método.
O QUE É?
Diz respeito ao estudo das alterações fisiológicas experimentadas por uma pessoa em situações de perigo, mais notadamente nas ocorrências de enfrentamento armado, onde há o risco de morte ou ferimento grave.
PARA QUE SERVE?
Essencial para orientar e direcionar um novo método de treinamento de tiro policial, quebrando os paradigmas dos treinamentos tradicionais que costumam afastar-se da realidade de um enfrentamento armado em situações limites.
EM QUE CONSISTE ESSE NOVO MÉTODO?
Os treinamentos, estruturados com base nos estudos da Fisiologia do Enfrentamento Armado, aproximam-se ao máximo da realidade dos confrontos, sempre levando em consideração que a simplicidade nos procedimentos é a “peça chave” para a drástica diminuição nos riscos de morte ou ferimentos graves a que poderão ficar expostos os policiais e/ou pessoas inocentes. Alicerça-se em dois pilares básicos: ciência e empirismo. O primeiro fornece o entendimento científico necessário para prever o comportamento humano em situações limites, e o segundo dá a capacidade de alinhar adequadamente as técnicas e táticas do treinamento de tiro policial com a realidade das ruas.
QUAIS SÃO AS BASES TEÓRICAS?
- Rex Applegate - EUA
- Bruce Siddle - EUA
- Ernesto Perez – ESPANHA
- Estudos científicos sobre o medo
- Estudos científicos sobre o estresse traumático
TREINAMENTO TRADICIONAL
TREINAMENTO PROPOSTO
ESTRESSE DE COMBATE
O estresse relacionado aos enfrentamentos armados tem fatores atuando antes (se não for uma agressão de extrema surpresa), durante e depois.
FOCO DO MÉTODO – Durante as situações de risco.
FATOR PSICOLÓGICO – Controla o medo.
Quando o policial se sente preparado para as situações de enfrentamento, mantém certo grau de controle da situação e é capaz de oferecer respostas mais apropriadas para a situação hostil.
FATOR FISIOLÓGICO – Não tem controle.
Ante uma situação hostil, o corpo humano produzirá uma série de reações automáticas.
Como não tenho controle sobre as mudanças fisiológicas observáveis em situações de enfrentamento armado, devo adequar o meu treinamento para se compatibilizar com a minha temporária limitação orgânica.
TABELA COMPARATIVA
Click na tabela para ampliar |
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
TRANSFORMANDO PISTOLAS EM CARABINAS - KITS DE CONVERSÃO
Na história evolutiva das armas de fogo, desde os primórdios os atiradores buscam uma forma de unir as características de portabilidade de pistolas e revólveres à comodidade e precisão das carabinas.
Já com armas de tiro unitário simples, de antecarga, como a Springfield Model 1855 da imagem a seguir, buscava-se a inclusão de um acessório que possibilitasse ao atirador uma melhor comodidade e precisão para os disparos.
Com a popularização das pistolas, continuou a necessidade de dispor de mecanismos que pudessem, de uma forma simples e rápida, transformá-las em uma carabina. Desta época, a mais famosas foram: Mauser 1896 Red Nine e a Luger P08.
A partir destas idéias é que foram idealizados os atuais Kits de Conversão, onde pistolas de diversas marcas e modelos podem ser facilmente convertidas em uma carabina. As primeiras pistolas modernas a serem contempladas com este tipo de kit foram as da família Glock.
Uma das empresas que mais tem apostado comercialmente nestes acessórios é a alemã HERA ARMS, inicialmente com o kit GCC - Glock Carbine Conversion, e posteriormente com o CPE – Colt Pistol Extension (para qualquer pistola no modelo 1911 em calibre .45). Recentemente a Hera Arms produziu o kit TRIARII, para pistolas de diversos fabricantes e modelos.
Glock Carbine Conversion |
Colt Pistol Extension |
TRIARII |
Os kits de conversão, além da facilidade de montagem, possuem a vantagem de possibilitar a utilização de diversos tipos de acessórios táticos, tais como: lanterna, laser, mira eletrônica, etc.
Outra grande empresa que vem investindo nos kits de conversão é a americana MECH TECH SYSTEMS, que desenvolveu o CCU – Carbine Conversion Unit.
CCU Glock |
CCU 1911 |
Vejam mais algumas empresas que estão apostando nos kits de conversão:
- Command Arms Accessories – CAA Tactical
- Turn-Key Tactical Solutions – Rapid Response Pistol Stabilizer
- Fab Defense
Vejam os vídeos a seguir e tirem suas próprias conclusões sobre a utilidade destes kits de conversão:
sábado, 29 de outubro de 2011
ASSALTOS A BANCO NO INTERIOR NORDESTINO
As ações de grupos criminosos contra agências bancárias, postos de auto-atendimento e veículos de transporte de valores, nas cidades interioranas, em todo o Brasil, tem sido uma grande preocupação por parte das autoridades de segurança pública. Este tipo de ocorrência vem aumentando a cada ano.
O Nordeste é uma das regiões que tem sofrido muito com os roubos e furtos qualificados praticados contra as instituições financeiras.
Esta modalidade criminosa teve um grande incremento a partir de 2009, quando a utilização de explosivos passou a facilitar a ação dos bandidos. Com esta “ferramenta”, toda a logística necessária para a concretização do crime é bem mais simples (considerando que não há mais a necessidade de realizar o assalto durante o dia):
- Menor quantidade de pessoas envolvidas.
- Ações noturnas que facilitam a fuga e a ocultação.
- Não há a necessidade de muitos veículos.
- Menor quantidade de armas e de menor calibre.
- Reduzida quantidade de testemunhas.
Observe no gráfico, a seguir, o grande aumento na quantidade de ocorrências de furto qualificado, ultrapassando, a partir de 2009, as ocorrências de roubo. Isto significa que os bandidos estão dando preferência às ações praticadas nos horários fora do expediente bancário, normalmente durante a madrugada. Tudo isto facilitado pela utilização de explosivos.
Artefato explosivo utilizado no arrombamento de caixas eletrônicos |
Através de um trabalho científico, alicerçado em um completo banco de dados estatístico sobre as ocorrências bancárias registradas em toda a Região Nordeste, bem como através de uma confiável rede de informações sobre as operações de grupos criminosos, o Comando de Policiamento do Interior da Polícia Militar do Ceará conseguiu reduzir drasticamente a ocorrência destas ações nos 175 municípios sob a sua responsabilidade operacional.
Observem, a seguir, o ranking nordestino dos Estados com maior número de ocorrências bancárias. O Ceará deixou a 2ª colocação nos anos de 2009 e 2010 para ocupar a penúltima posição, perdendo apenas para Sergipe.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
RHINO – REVÓLVER EM CALIBRE .357 MAG
SÉRIE ARMAS MODERNAS
A indústria italiana de armas ARMI CHIAPPA, apresentou ao mercado mundial, recentemente, um revolucionário conceito para o setor de armas de porte de tambor. Trata-se do revólver RHINO. Esta nova ergonomia para um revólver contrariou quem achava que seria praticamente impossível ocorrerem mudanças significativas nas estruturas destas armas.
Apesar de apresentar uma estrutura bem maciça, o Rhino é uma arma bastante leve, pois é produzida em um tipo de alumínio de alta resistência denominado Ergal.
Tem como principal características:
1ª - O cano alinhado com a câmara inferior do tambor.
2ª - Tambor em formato hexagonal.
A primeira característica proporciona um maior controle e comodidade no momento do disparo; e a segunda característica permite que este revólver apresente-se com uma superfície plana nas laterais, o que ocasiona uma diminuição em seu volume e, conseqüentemente, uma maior comodidade em seu porte.
Está sendo comercializado com canos de 2, 4, 5 e 6 polegadas, todos de seis tiros, disponível apenas no conceituado calibre .357 Mag.
Veja um comparativo métrico entre o Rhino 20DS e o Smith & Wesson Model 640:
O vídeo a seguir mostra a excelente controlabilidade do Rhino em uma seqüência de disparos:
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
PRODUTOS PERIGOSOS NAS RODOVIAS DO CEARÁ E CENÁRIOS PROSPECTIVOS
José Ananias Duarte Frota - Cel. BM RR
A expansão da Indústria Química majora consideravelmente a movimentação de Produtos Perigosos em todo o Brasil. Diariamente, circulam, nas rodovias e centros urbanos, centenas de caminhões transportando ácidos, produtos inflamáveis, radioativos, tóxicos e explosivos. Alguns são cancerígenos, outros podem provocar lesões que vão desde simples irritação da pele até deformações físicas. A grande maioria dos produtos perigosos é transportada por rodovias, que frequentemente se encontram em mau estado de conservação.
Esse fato, associado a fatores como condições das vias, manutenção dos veículos, tipos de embalagens, capacitação do pessoal envolvido e ausência de legislação estadual de resposta a acidentes com Produtos Perigosos tornam essa atividade potencialmente geradora de acidentes físicos e ambientais.
Os acidentes com produtos perigosos podem ocorrer em qualquer fase: na produção, no transporte, na estocagem e na utilização final do produto. O principal risco concentra-se no transporte, por exposição da carga a situações que escapam ao controle de todos os envolvidos nesse tipo de atividade especializada.
Em matéria veiculada no dia 6 de outubro de 2011, o jornalista Carlos Eugênio avalia, acertadamente, a conjuntura atual, projetando os riscos que permeiam nossas rodovias. Na reportagem é confirmado que o "Porto do Pecém vai passar a contar, finalmente, com um pátio específico para cargas perigosas, a exemplo de detergentes, solventes e demais produtos químicos à indústria de tintas, curtumes etc.". Eis, portanto, um cenário inquietante.
Preocupado com a proteção da comunidade cearense, o deputado Cap Wagner Sousa apresentou na sexta-feira, 07 de outubro, o projeto de lei de nº 268/11, criando a Comissão Estadual de Prevenção a Emergências com Produtos Perigosos, de caráter permanente junto ao Poder Público, com fins de assessoria e consultoria, operacional e técnica.
Ao justificar o referido projeto de lei, o Deputado Capitão Wagner Sousa afirmou: “Este projeto permitirá a implementação duma política prevencionista e de estratégias contra acidentes envolvendo produtos perigosos em nível Estadual e Municipal, bem como o acompanhamento dessas ações pelo órgão a ser criado, fortalecendo a proposta do Governo em relação à Comunidade Cearense: desenvolvimento com segurança".
Parabenizamos o repórter Carlos Eugênio pela brilhante reportagem e nos regozijamos com o dinamismo e relevante iniciativa do Deputado Capitão Wagner Sousa, estabelecendo norma estadual ao criar a Comissão Estadual de Prevenção a Emergências com Produtos Perigosos, pois a implementação de políticas prevencionistas e a busca de estratégias contra acidentes, mormente os elencados na lei referida, fortalecerá o mais importante elo da cadeia de riscos: a prevenção.
O Cel. Duarte Frota é Diretor de Tecnologia do Instituto Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
HERÓIS DO SERTÃO
O vídeo a seguir é uma simples homenagem a todos os policiais militares lotados no interior do Ceará. É por conta da bravura de todos eles que os índices de criminalidade estão diminuindo progressivamente nos 175 municípios sob a responsabilidade operacional do Comando de Policiamento do Interior.
sábado, 8 de outubro de 2011
OPERAÇÕES POLICIAIS EM BAIXA LUMINOSIDADE
Artigo da Série Sobrevivência Policial
Nesta postagem, farei apenas um pequeno resumo de mais um dos assuntos que fará parte do meu próximo livro técnico.
Um acessório tático de extrema importância, que infelizmente é desprezado pela grande maioria dos policiais brasileiros, a lanterna é uma ferramenta essencial para a atividade policial. Ela deve ser utilizada em qualquer situação em que o nível de luminosidade do ambiente prejudique a segurança do agente de segurança pública, não importando se é um local fechado ou ao ar livre, ou se a escuridão é total ou parcial.
Todo confronto armado sempre será uma situação de risco para o policial. Se este confronto for em um local fechado, os riscos serão bem maiores. Acrescentando-se a isto a possibilidade do ambiente estar mal iluminado, os níveis de estresse estarão elevadíssimos, daí a importância de equipamentos auxiliares à atividade do policial, além da necessidade de treinamento constante.
Massad Ayoob, o famoso instrutor americano de tiro policial, relacionou as cinco principais funções da lanterna:
1. Achar o caminho no escuro.
2. Identificar o alvo.
3. Cegar momentaneamente o oponente.
4. Usar como instrumento de autodefesa.
5. Iluminar o alvo para um disparo preciso.
O tema confronto em baixa luminosidade tem sido alvo de diversas publicações por todo o mundo, devido a sua extrema importância para as técnicas de sobrevivência policial. Aqui no Brasil, o policial federal Eduardo Maia Betini publicou o livro Lanterna Tática: Atividade Policial em Situações de Baixa Visibilidade.
Considerando que 80% de toda a informação sensorial humana é percebida pelo sistema visual, o maior problema em operar em locais com baixa luminosidade não está relacionado à diminuição na habilidade para utilizar a arma de fogo, mas sim na dificuldade em se identificar claramente o alvo. Se o policial não pode ver, também não poderá se defender.
Tão importante quanto portar uma lanterna de qualidade e adequada à atividade policial será realizar treinamentos específicos para a sua utilização com segurança. Existem diversos métodos de tiro combinados com o uso da lanterna, cada um com os seus pontos positivos e negativos, devendo o policial utilizar o método mais adequado para o tipo de situação em que esteja inserido, como também aquele que melhor se encaixa com o tipo de lanterna e/ou de arma que esteja utilizando. Dentre estes métodos, podemos citar:
- Harries
- Rogers
- FBI
- Chapman
- Keller
- NYPD
- Ayoob
- Marine Corps
- Hargreava Lite-Touch
- Neck-Index
- Guisande
O vídeo a seguir é uma simples amostra de um treinamento que realizei para Agentes de Segurança do Poder Judiciário Federal. Observem o nível de dificuldade que é imposto pela necessidade de uma clara identificação do alvo contraposta pelo baixíssimo nível de luminosidade.
O normal seria que os policiais tivessem instruções práticas específicas para a atuação em situações de baixa luminosidade, mas enquanto isso não acontece procure seguir estes conselhos básicos:
1º - Utilizar a lanterna o menos possível. Uma boa técnica é ligar rapidamente a lanterna e “fotografar” mentalmente o ambiente, deslocar-se, parar e ligar novamente; seguindo desta forma sempre que possível.
2º - Da mesma maneira que a escuridão é uma inimiga do policial, servindo para dificultar uma perfeita identificação do alvo, ela pode ser utilizada por ele como uma zona de ocultação.
3º - Atentar para a questão da adaptação visual ao nível de iluminação, ou seja, passar de um ambiente iluminado para outro pouco iluminado.
4º - Quando o nível de luz não permitir uma visualização adequada das miras da arma, uma boa posição de tiro garantirá a qualidade dos disparos.
5º - Sempre identificar cautelosamente o alvo antes de disparar.
6º - Se ocorrer a necessidade de atirar contra uma pessoa, a lanterna deverá permanecer ligada até se ter a certeza de que o bandido não oferecerá mais resistência.
7º - Durante a realização de uma prisão, a lanterna deverá permanecer ligada e voltada para os olhos do infrator.
8º - Utilizar lanterna de boa qualidade e potente, pois esta pode servir para atordoar momentaneamente o oponente.
9º - Não direcionar o foco da lanterna para um de seus companheiros, pois você poderá torná-lo um alvo fácil para os disparos dos bandidos.
10º - No interior de construções, muito cuidado com as zonas consideradas de elevado risco: entradas de portas, corredores, escadas, etc; principalmente se o policial estiver em um compartimento mais iluminado do que o outro onde possa estar o bandido. Nestas situações seguir estes princípios básicos:
- Deter-se, olhar, escutar.
- Movimentos lentos, suaves e silenciosos.
- Utilizar a estrutura do edifício a seu favor.
- No momento da abordagem ser:
o Rápido
o Incisivo
o Enérgico
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
CHOQUE
Comandando a tropa do Batalhão de Choque no desfile militar do 7 de Setembro em 2008
O único local onde trabalhei do qual sinto saudades. CHOQUE!!!
QUALIFICAÇÃO POLICIAL
Há algum tempo, em minhas análises sobre a atual situação do sistema de segurança pública brasileiro, venho defendendo uma radical mudança em toda a estrutura, através de dois tópicos bases: desmilitarização e criação de polícias estaduais únicas.
Apesar de defender a desmilitarização, discordo completamente das análises que atribuem, exclusivamente, à característica militar das corporações policiais estaduais a culpa pelos casos de violência policial. Ao meu modo de ver, são diversas as variáveis institucionais (somando-se ao quesito: militarismo) que levam o profissional de segurança pública a extrapolar os limites legais nas interações com o público.
A maior culpa pela ocorrência de casos de violência policial deve recair sobre a existência de uma formação inadequada e falha. Entretanto, muita gente pensa que uma formação policial muito rígida acarreta no profissional um certo grau de revolta que irá gerar, consequentemente, um aumento nos casos de violência nos contatos com o público. Este pensamento é completamente equivocado e preconceituoso.
As técnicas adquiridas através de uma formação rigorosa forjam o policial de uma maneira mais eficiente. Para comprovar, basta analisar as ações desenvolvidas por grupos policiais especializados (BOPE, GATE, COE, etc.), estes apresentam baixa letalidade ativa e passiva, ou seja, baixo índice de mortes de inocentes ou dos próprios policiais.
A Academia Estadual de Segurança Pública (AESP) é hoje uma realidade no Ceará. Em 2005, quando apresentei o projeto de sua criação, através de tese monográfica no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, um dos avaliadores, o Cel. RR Raimundo Ferreira da Conceição, tirou-me a primeira colocação no curso afirmando que o projeto era uma utopia.
Nossos companheiros cometem erros e arbitrariedades, chegando a destruir suas carreiras e a imagem das corporações policiais, na maioria dos casos por estarem despreparados e desatualizados, por carência ou total ausência de instruções adequadas e treinamentos. É aí que entra a importância da AESP para o sistema de segurança pública estadual.
A qualificação dos profissionais de segurança pública deve ser imediatamente reavaliada; deve deixar de beneficiar uma pequena parcela do público interno e ter uma amplitude mais global. A qualificação, através de treinamentos e cursos, deveria ser incessante e obrigatória a todos, entretanto incluído na carga horária de trabalho do policial e não obrigando-o a comparecer em seu período de folga.
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
SÉRIE ENTREVISTAS - CAPITÃO WAGNER SOUSA
Já havíamos divulgado anteriormente que um dos projetos previstos para o Sobrevivência Policial, ainda para este ano, seria a realização periódica de entrevistas com pessoas que tenham algum tipo de ligação com o sistema de segurança pública estadual, com os propósitos de resgatar a nossa história, apresentar projetos viáveis ou, simplesmente, fornecer algum tipo de informação importante aos nossos leitores.
Inaugurando este projeto, publicamos uma entrevista realizada com o Capitão Wagner Sousa, da Polícia Militar do Ceará, que daqui há poucos dias assumirá uma vaga na Assembleia Legislativa do Ceará, sendo o primeiro militar estadual eleito como representante legítimo da categoria.
Colaborou com esta entrevista a Dra. Christianne Lima (OAB/CE Nº 10.232).
Sobrevivência Policial (SP) – Nas últimas eleições, você conquistou aproximadamente 29 mil votos, tendo ficado na condição de 1º suplente de Deputado Estadual do partido pelo qual foi candidato. Quais as possibilidades de você vir a assumir uma vaga na Assembleia Legislativa?
Wagner Sousa (WS) - Na verdade a possibilidade é concreta, pois a Deputada Fernanda Pessoa deverá entrar de Licença para tratar de assunto particular por quatro meses, a partir do final de setembro, e dia 28 do mesmo mês estaremos assumindo a cadeira de líder do Partido da República na Assembleia Legislativa.
SP - Como ficará a sua situação profissional após isso?
WS - Infelizmente irei para a Reserva Remunerada com salário proporcional, como tenho apenas 13 anos de polícia meu salário será reduzido em mais da metade.
SP - Quais seus principais projetos como Deputado Estadual?
WS - Nós sabemos que a principal carência da tropa hoje é por melhores salários, pois temos um dos piores salários do país. Vamos tentar convencer, de todas as formas, o executivo estadual desta necessidade, bem como iremos tentar reformular o Estatuto e o Código Disciplinar dos militares estaduais.
SP - Você tem afirmado que vem sofrendo diversas situações de assédio moral no meio profissional, isso se deve ao simples fato de ter sido candidato, em razão do seu partido ser de oposição ao atual governo estadual ou foi imposto exclusivamente por conta da estrutura militar da polícia militar?
WS - Não acredito que a perseguição seja causada pelo militarismo. Acredito que minha postura de falar a verdade em relação aos atos de superiores e subordinados, inclusive a respeito do sistema político e administrativo do estado, assustam algumas pessoas, que por temerem perder suas gordas gratificações, mesmo concordando com o que tenho dito, me perseguem através de procedimentos administrativos e criminais sem o menor cabimento.
SP – Como será a sua relação com o governo do estado?
WS – Algumas pessoas perguntam se vou pegar pesado. Se pegar pesado for falar a verdade, pretendo sim. Enquanto for representante dos profissionais de segurança pública do Ceará, tenho o dever de defendê-los mesmo com o risco da própria vida.
SP – Qual o significado para os militares estaduais em terem um representante na Assembleia Legislativa?
WS - Os militares estaduais são muito fortes. Se tiverem um líder para organizar e lhes mostrar o valor político desta força, eles podem ser reconhecidos pelo brilhante serviço que prestam a comunidade. Em breve estes militares terão representantes em todas as esferas de governo: municipal, estadual e federal.
SP – Como uma maior conscientização política dos profissionais de segurança pública deverá contribuir para a melhoria das condições de trabalho?
domingo, 28 de agosto de 2011
ARTIGO DA SÉRIE SOBREVIVÊNCIA POLICIAL
USO TÁTICO DO ABRIGO E DO MOVIMENTO EM SITUAÇÕES DE CONFRONTO
Todo policial, em suas atividades rotineiras de policiamento, está sujeito a enfrentar situações de confrontos contra bandidos armados. Um tiroteio sempre será uma situação muito delicada e perigosa, pois, por mais preparado que o policial esteja, as características destes tipos de ocorrências envolvem muita tensão e riscos, tanto para o profissional de segurança pública quanto para pessoas inocentes.
Considerando, ainda mais, que tais confrontos envolvem altos níveis de estresse, ocasionando mudanças fisiológicas importantes no organismo do policial, é altamente recomendado, quando o policial estiver envolvido em situações de confrontos armados, que sejam observadas as dicas a seguir :
ð Em situações de confrontos armados, uma das primeiras atitudes do policial, que esteja diretamente envolvido na ocorrência, será procurar um abrigo contra os disparos dos marginais. Estando devidamente protegido, ele terá melhores condições de aplicar o método OODA (falarei mais detalhadamente deste método em outro artigo):
- OBSERVAR: avaliar a situação de forma geral, sentindo o nível de perigo do confronto.
- ORGANIZAR: identificar os possíveis alvos e avaliar a possibilidade de riscos a pessoas inocentes, levando em consideração a proporcionalidade de opositores e o poder de fogo contrário.
- DECIDIR: guiando-se pelo nível técnico que possuí, bem como por suas experiências profissionais, decidir qual será a tática mais adequada para o tipo de ocorrência que está enfrentando, tendo como pressupostos a sua segurança e a de outras pessoas, nesta ordem.
- ATUAR: alicerçado pelos tópicos anteriores, agir adequadamente e com segurança.
ð Se o policial encontrar um bom abrigo, e a situação tática permitir, é indicado que ele permaneça neste local enquanto durar o confronto.
ð Se estiver em um local aberto, com ausência de abrigos seguros, o policial deverá mudar de posição constantemente. Alvos móveis reduzem drasticamente a probabilidade de ser atingido pelos disparos dos bandidos. Estes deslocamentos não deverão ser realizados na mesma direção da linha dos tiros.
ð O policial deve sempre trocar de posição, entretanto para um abrigo mais protegido do que o anterior. O contrário só ocorrerá (passar de uma posição mais protegida para uma pior) se a situação tática exigir – como, por exemplo, para proteger um flanco descoberto.
ð Quando for mudar de posição, o policial deverá já ter traçado claramente o próximo objetivo e a forma como irá se mover. O deslocamento deverá ser realizado de forma rápida e precisa, adotando imediatamente uma posição de tiro adequada tão logo esteja abrigado.
ð É muito mais indicado ter qualidade nos disparos do que quantidade. Ficar sem munição durante um confronto pode ser fatal para o policial. Quando estiver abrigado, identifique claramente os alvos antes de realizar qualquer disparo. Importante: atente sempre para os riscos a pessoas inocentes.
ð Se houver necessidade de recarregar a arma, procurar fazer quando estiver abrigado.
ð Nunca ficar em pé e parado por mais de três segundos, quando estiver desabrigado.
ð Evitar disparar enquanto se move. Exceção para os casos em que haja a necessidade de uma resposta imediata em confrontos de curta distância e sem a disponibilidade de abrigos próximos, para fugir da "zona de morte", e quando não houver riscos para inocentes.
ð Entenda que abrigo é diferente de cobertura; o primeiro protege o policial dos disparos dos marginais, enquanto o segundo apenas oculta a sua posição. Uma coberta não é um abrigo. Por exemplo: o policial por trás da porta de uma viatura não estará abrigado.
ð Quando a ocorrência estiver completamente desfavorável para a segurança do policial ou quando pessoas inocentes estiverem correndo sérios riscos, não será vergonha ou desonra abandonar temporariamente o confronto.
Esta postagem é um fragmento de um artigo integrante de um novo livro deste autor que está para ser publicado, entretanto já legalmente protegido. É autorizada a reprodução parcial desde que citada a fonte e indicado o link.
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