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quarta-feira, 10 de março de 2010

FILOSOFIA E SEGURANÇA PÚBLICA

Por quais motivos não estamos conseguindo resolver os problemas da segurança pública no Brasil, mais especificamente no Ceará?

Como os especialistas em segurança pública já buscaram as respostas utilizando-se de diversas áreas do conhecimento humano, irei aventurar-me a buscar alguma dica através da Filosofia.

Inicialmente é essencial ficar bem claro o significado literal do termo Filosofia. Trata-se de uma palavra de origem grega composta por duas outras: "philo" e "sophia". "Philo" deriva-se de "philia", que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. "Shopia" quer dizer sabedoria e dela vem a palavra "sophos", sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.

Vamos, então, utilizar da sabedoria para fazer algumas considerações, tendo como apoio central às nossas humildes análises um pouco do pensamento de Edgar Morin, francês considerado um dos pensadores mais importantes da atualidade, que baseia a sua teoria na crítica ao que são considerados os três pilares da ciência moderna: as lógicas indutiva e dedutiva, a ordem e a separabilidade. Esta última, foco de nossa análise.

A forma de pensar sustentada na separabilidade, idealizada pelo filósofo francês René Descartes (método Cartesiano), diz que para resolver um problema é necessário separá-lo em pequenas partes e resolvê-las uma a uma. Exemplos práticos:

1º - Foi criado um projeto de policiamento, realizado no litoral cearense, utilizando-se carros tracionados. Há a necessidade de um efetivo específico, visto que tal policiamento ficará sob a responsabilidade da PMTUR. Entretanto, é do conhecimento geral que todas as Unidades Operacionais da PMCE estão com carência de efetivo, mas mesmo assim dezenas de policiais são transferidos para a PMTUR, deixando vácuos em diversas áreas, principalmente em cidades do interior.

2º - A Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv) está sendo alvo de críticas por parte da população de diversos municípios do interior do Ceará, chegando a causar prejuízos políticos ao executivo estadual. Decide-se trocar quase a totalidade do efetivo, mudar o nome para Polícia Rodoviária Estadual (PRE), com características de Grande Comando, e alterar a subordinação operacional saindo do Comando de Policiamento do Interior (CPI) e passando para o Comando Geral (sem nenhum amparo legal). Cria-se uma aberração administrativa e legal, bagunçando ainda mais o burocrático organograma da Corporação.

Estes casos citados são somente os dois mais recentes, comprovando que estamos vendo a segurança pública pelas lentes da separabilidade.

Com o surgimento da Teoria Cibernética, que influenciou diversas áreas do saber (da informática à educação), podendo ser facilmente definida na frase "O todo é maior que a soma das partes", opondo-se à separabilidade, ficou bem mais nítido observarmos onde estamos errando. O todo é maior porque contém algo que não existe nas partes: as relações entre elas. Nenhum sistema é totalmente isolado, e fenômenos aparentemente díspares acabam influenciando um ao outro.

Temos excelentes especialistas em partes específicas do conhecimento policial, está faltando apenas aqueles que, com a visão do todo, entendendo um pouco de cada parte, seja capaz de harmonizar a interação entre estas especialidades.

"O especialista é o homem que sabe cada vez mais coisas num terreno cada vez menor, o que o fará saber tudo...sobre nada" BERNARD SHAW (1856-1950)

"Sendo todas as coisas ajudadas e ajudantes, causadas e causadores, estando tudo unido por uma ligação natural e insensível, acho impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, e impossível conhecer o todo sem conhecer cada uma das partes" BLAISE PASCAL (1623-1662)

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