Ontem tive que comparecer ao QG da 10ª RM para participar de uma reunião referente ao esquema de segurança por ocasião da visita do Presidente da República ao Ceará. Ao desembarcar da viatura, próximo ao corpo-da-guarda, escutei quando um dos integrantes da guarnição local, provavelmente o oficial-de-dia ou um sargento que estava ao seu lado, pronunciou para os sentinelas: "vamos desarmar todos estes policiais que estão chegando aí" (eu não era o único PM que estava chegando para a reunião). Isto feito em tom desrespeitoso e debochado.
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Inicialmente pensei em tomar uma atitude mais enérgica no momento, mas, como não tinha a certeza de quem havia dito aquilo, resolví não descer ao nível deles, contudo relatei o fato a um sargento que veio me conduzir até o local da reunião, logo em seguida fui procurado por um capitão que me garantiu a adoção de providências.
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A prepotência e a arrogância de integrantes do Exército Brasileiro para com os policiais militares é devido ao "carma" que carregamos por sermos força auxiliar e reserva do EB.
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Eles estão temendo terrivelmente a possibilidade de desmilitarização das polícias estaduais, pois são conscientes das inúmeras possibilidades de desenvolvimento técnico-profissional das corporações sem terem o "freio-de-mão" das FFAA.
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Constantemente nos deparamos com ocorrências que têm militares do EB envolvidos, em vista disto orientarei os meus policiais, verdadeiros guerreiros da sociedade, para tratarem estes senhores com todo o respeito, como qualquer cidadão brasileiro, entretanto, com o maior rigor que a lei determinar.
3 comentários:
Não é o medo da desmilitarização das polícias militares, Major!
O fato é que por muitos anos, devido a ditadura militar, o Exército Brasileiro era referência para tudo, inclusive para segurança pública. com o passar dos anos as Polícias Militares se especializaram mais e se tornaram referências mundiais, exemplos do BOPE-PMERJ, GATE-PMESP e muitas outras, fazendo com que o EB cada vez mais saisse da midia, como instituição salvadora e conhecedora de tudo. o golpe final foi a criação da Força Nacional que foi treinada por policiais militares e não pelo EB e hoje é um sucesso e referência, fazendo com que o EB se recolhesse apenas a sua função constitucional, que é de defesa da pátria. em uma ocasião como essa, de segurança de autoridades, mais uma vez as policias militares são referência, como a PMDF e a própia PMCE, através da casa militar, isso os incomoda, pois, não são mais os que ditam as regras as serem cumpridas, existem profissionais especializados e capacitados nas PM´s que eles tem de ouvir, pois, possuimos algo que eles raramente possuem, que é a experiência em combate que adquirimos nos nossos serviços de rua no dia-a-dia.falo isso, com conhecimento de causa, pois, fiz 3(três) cursos no EB e convivi com seus integrantes. Major,Quando algum militar do EB tentar ser marrento, basta só o Senhor lembrar que para eles irem para o Haiti pacificar o país, a gloriosa brigada paraquedista do EB, que foi uma das primeiras tropas a se deslocarem para o local do conflito, foram fazer um estágio com o BOPE-PMERJ, para aprenderem a combater no ambiente urbano, como outras tropas do EB que também passaram pelo "VALE DOS OSSOS SECOS" e sentiram na pele as instruções dos integrantes do "PALÁCIO DA CAVEIRA".Eu estava lá em 2004 e presenciei tudo, alguns iguais a esse que falou que era para desarmar todos esse policiais Militares, sendo desarmados bobamente e morrendo em combates simulados pelos integrantes do BOPE na favela escola.
" TODOS SERÃO CAVEIRAS UM DIA, POUCOS EM VIDA"
Alguns militares da União têm uma interpretação totalmente errônea e deturpada do que seja força auxiliar e reserva do exército(art.144, §6º da CF/88), vou perdoá-los, considerem-os apedeutas. Ora, até operadores do direito, sem um estudo aprofundado, se enganam com as palavras: auxiliar e reserva. Não se chateiem bravos policiais militares, bravos guerreiros, pois que vocês sendo reserva e auxiliar irão socorrê-los.
Pensam eles: inseridos em um sistema militar secular, hierarquizador e disciplinador, que as polícias militares estaduais são subordinadas administrativamente e operacionalmente a seus órgãos superiores, ou mesmo as autoridades hierarquicamente superiores. Pensamento equivocado e abusivo. O Poder hierárquico ocorre entre órgãos de mesma pessoa jurídica de direito interno – poderes da Administração Pública -, por exemplo, Subprefeitura de Messejana(regionais), hierarquicamente subordinada a Prefeitura de Fortaleza. A União e o Estado são pessoas jurídicas distintas, autônomas e independentes, entre órgãos internos de pessoas jurídicas diferentes, não existe subordinação.
O auxiliar da CF/88, é de auxílio, de prestação de ajuda, quem pede auxílio está sufocado, necessitando de ajuda, tal pedido de ajuda é para defender a soberania do país, quando este estiver em guerra declarada. Posição, esta de superioridade, pois vamos fomentar a armada. Quem está pedindo ajuda, pois, subentende-se que exaurindo estão suas forças. Neste momento, chega um auxílio de uma força armada, visando a defesa do Estado Brasileiro.
A reserva, caros e ditosos guerreiros policiais, significa dizer que estamos em primeiro lugar na lista dos órgãos públicos a socorrer a soberania do país. Que louvável. O significado de auxiliar e reserva não é o que muitos pensam por aí, em um Estado Democrático de Direito.
Em primeiro lugar Major, pelo que o senhor relatou o que aconteceu foi uma atitude imatura e inconsequente de algum militar do EB que é imaturo e inconsequente. Vale lembrar que o grande efetivo, soldados, sargentos e até oficiais, são ainda muito jovens e imaturos e ainda não sabem muito bem o que acontece no mundo exterior, se soubessem demonstrariam mais respeito, com certeza, até porque muito deles, quando terminam o tempo de exército fazem concurso e passam a fazer parte das forças estaduais (PM, BM e PC).
Em segundo lugar, gostaria de rebater alguns argumentos colocados pelo Cap. Colares. Eu servi por quatro anos na Brigada Páraquedista e com toda a certeza, nem a Brigada e nenhuma outra tropa das forças armadas têm condições de atuar no policiamento ostensivo como as polícias estaduais, até porque elas não são treinadas para isso, a missão delas é outra. Esse é o motivo de terem sidos treinados pelo Bope antes de embarcarem para o Haiti, as tropas não tem experiência e nem treinamento em combate urbano, porém, aprende-se, e se formos procurar nos primórdios do Bope vamos descobrir, que muitas das técnicas hoje utilizadas e aperfeiçoadas por eles, foram aprendidas com as forças especiais, inclusive, na época em que ainda estava no exército presenciei algumas etapas do treinamento deles no antigo 1ºBFE em Deodoro, Rio de Janeiro.
Dito isto capitão, como se pode ver, não existe a possibilidade de se comparar um com o outro, tendo em vista a natureza das missões ser diferente e cada tropa ser especialista no que faz, porém as mesmas técnicas podem ser utilizadas e aprimoradas por ambas as tropas visando o êxito de suas missões.
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